Um capítulo da vida de Luciana Mendes, ou Luka Mendes, como era conhecida, cruzou parte da história da extinta Rádio Brasil 2000. Em meio ao rock e desfile de bandas, ela conquistou amigos.
A ex-locutora da rádio, Paula Baldassarri, 41, foi uma delas. “Conheci a Luka no início dos anos 2000. Ela era fã da rádio, ouvia o programa Discagem Direta do Ouvinte, conhecido por DDO, e acompanhava várias bandas nacionais. Viramos amigas porque tínhamos outras paixões em comum além da música. Bichos, por exemplo”, conta Paula.
Luka sofria de escoliose grave. A doença afetou os pulmões e o coração, causando piora no estado de saúde, segundo os amigos contam. Ela morreu dia 6 de setembro, aos 43 anos.
“Ela espalhava amor e bom humor. Consolava os amigos, quando precisavam, era politizada, conhecia música e contava piadas. Demorei para descobrir que ela tinha escoliose, porque nunca se apoiou nisso para chegar perto de alguém”, diz Paula.
Luka levantou bandeiras da acessibilidade, invisibilidade das pessoas com deficiência e da igualdade. “Sou normal como qualquer pessoa que tem o direito de trabalhar”, dizia aos amigos.
Para a designer gráfica Juliana Freitas, 46, Luka era mostrava entusiasmo pela vida, pelos amigos e pela música.
“Ela foi uma das mais animadas, dispostas e atuantes, de gênio e ideias fortes, teimosa e imponente do grupo [de ouvintes da emissora]. Sua fragilidade física não a impedia de fazer acontecer, de participar, de estar sempre estilosa, toda trabalhada no rock’n’roll, claro que tudo de acordo com suas possibilidades e também as do grupo”, afirma Juliana.
Luka também conquistou artistas. Ela criou e fazia a fan page da Érika Martins, cantora, compositora, musicista e vocalista da banda Autoramas.
“Eu conheci a Luka na Rádio Brasil 2000. Começamos a manter contato. Ela era muito fã da Penélope e passou a me acompanhar em todos os meus projetos solo e com o Autoramas. Nós tínhamos muitas coisas em comum. Éramos fãs das mesmas bandas e dos mesmos artistas, além da forma de encarar a vida parecida, lutando contra as desigualdades, a favor da liberdade e dos direitos iguais”, conta Érika.
“Sempre a admirei muito. Ela juntava os fãs da rádio e fazia esse encontro bacana de pessoas que tinham algo em comum, como o rock e a música. Ela fará muita falta, principalmente nesses dias e momentos que estamos vivendo. Luka era uma pessoa que só trazia o bem. Ela queria que o mundo fosse um lugar melhor e justo para todos”, completa a artista.
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