'Faraó dos bitcoins' é indiciado sob suspeita de tentativa de homicídio

De acordo com Polícia Civil, Glaidson Acácio mandou matar concorrente no mercado de criptomoedas

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Rio de Janeiro

O empresário Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como "faraó dos bitcoins", foi indiciado nesta quarta-feira (27) sob suspeita de tentativa de homicídio contra um concorrente na captação de clientes para investimento de criptomoedas em Cabo Frio, cidade do Rio de Janeiro onde atuava.

A vítima foi o empresário Nilson Alves da Silva, o Nilsinho, baleado em 20 de março deste ano. De acordo com a Polícia Civil, Glaidson encomendou o crime porque seu concorrente espalhava na cidade que ele seria preso pela Polícia Federal.

Glaidson foi preso preventivamente em agosto deste ano sob suspeita de comandar um esquema de "pirâmide financeira" envolvendo investimentos em criptomoedas.

O empresário Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como "faraó dos bitcoins', foi indiciado sob suspeita de ser o mandante de uma tentativa de homicídio - Reproducao

"Para dar início à empreitada criminosa, o 'faraó dos bitcoins" determinou que um comparsa de confiança contratasse os executores do delito. Para dificultar a investigação policial, quatro indivíduos contratados para matar a vítima utilizaram um veículo clonado e contaram com o apoio de um carro regularizado para fazer os deslocamentos rodoviários", afirma a Polícia Civil, em nota.

A investigação da 126ª DP (Cabo Frio) indica ainda que os dois executores dos crimes contra Nilsinho também participaram do homicídio contra Wesley Pessano, outro investidor em criptomoedas que atuava na cidade. A polícia ainda investiga se Glaidson foi também mandante deste assassinato.

Glaidson está preso preventivamente desde agosto em razão das investigações que culminaram na Operação Kryptos. Ele prometia um retorno de 10% mensais sobre os valores aportados por investidores a partir de investimentos em criptomoedas.

A suspeita é de que se tratava de uma "pirâmide financeira", na qual os novos clientes garantiriam o pagamento dos antigos. O esquema gera prejuízos aos clientes quando a entrada de recursos não atende mais as necessidades de saídas.

Ele e outras 16 pessoas são réus em ação penal na Justiça Federal sob acusação de operação de instituição financeira sem autorização, gestão fraudulenta, negociação irregular de valores imobiliários e organização criminosa.

A denúncia não atribuiu a Glaidson e aos demais envolvidos o crime contra economia popular, como costuma ser enquadrado os esquemas de "pirâmide financeira". A Procuradoria, porém, afirma que segue investigando outros fatos e pessoas envolvidas no caso.

Uma planilha localizada a partir da quebra de sigilo telemático dos investigados mostrou que 67.598 clientes foram atraídos até novembro de 2020 pela promessa de retorno alto e seguro para seus investimentos.

Até março deste ano, os investidores da GAS Consultoria aportaram um total de R$ 5 bilhões, de acordo com outra planilha obtida nas investigações.

Entre os clientes, segundo relatório da Polícia Federal, estão traficantes e milicianos que atuam no Rio de Janeiro.

Também consta como cliente da GAS Consultoria o ex-superintendente do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, Jonas Roza. Ele fez 143 depósitos que somam R$ 1,9 milhão, segundo relatório do Coaf enviado à CPI da Covid. Ele afirmou que os valores estão errados, mas que só responderia sobre o caso à Justiça. ​

As planilhas em poder do MPF apontam que Glaidson tinha outras 48 pessoas envolvidas na captação de clientes. Por meio desses intermediários, segundo a Procuradoria, a empresa fundada em Cabo Frio (RJ) alcançou investidores em 13 estados do país e até no exterior.

Segundo o MPF, a atuação de Glaidson ocorria sem qualquer autorização do Banco Central e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

A GAS Consultoria negou, em nota, as irregularidades apontadas pelo MPF. A empresa afirma que "possui sólidos argumentos jurídicos para refutar as acusações formuladas, aptos a evidenciar a absoluta licitude e regularidade de suas atividades, e a inexistência de lesão a quem quer que seja".

A firma declarou que a denúncia é um "fato positivo" porque permite a manifestação da defesa sobre as acusações imputadas.

"Importante esclarecer que denúncia oferecida pelo MPF não imputa a nenhum dos acusados lesão financeira a qualquer pessoa. Não existe sequer acusação da prática de pirâmide financeira", diz a nota da empresa.

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