Descrição de chapéu Obituário Miguel Giannini (1942 - 2021)

Mortes: Estilista dos óculos, destacou-se pelo olhar humano e social

Miguel Giannini remodelava as armações de acordo com o rosto dos clientes, a quem atendia de forma carinhosa

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São Paulo

Quem vê fotos do mais importante esteta ótico do país, Miguel Giannini, ao lado de políticos e celebridades não imagina que por trás das imagens existiu a figura de uma pessoa simples e humanitária.

Os sonhos do paulistano, descendente de imigrantes italianos da região de Vêneto, custaram a entrega da sua juventude ao trabalho logo que completou 13 anos. O primeiro emprego foi como office boy da antiga Foto City, ótica famosa do centro da capital paulista.

Aos 23 anos, Miguel abriu sua primeira loja, a Ótica Fiore & Miguel, em parceria com o amigo e mestre na montagem de óculos, Fioravante Fernandes.

Miguel Giannini (1942-2021)
Miguel Giannini (1942-2021) - Arquivo pessoal


Aos 39 anos, convidou outro amigo, Alvaro Ferriolli, hoje com 64 anos, para ser seu sócio.

Miguel criou um estilo que atraiu de presidentes da República a astros da música e da televisão. Com habilidade criativa, olhar diferenciado e técnica, ele conseguia deixar uma armação mais adequada ao rosto do cliente.

A fama de inovador se espalhou após a apresentadora Cleyde Blota atribuir a Miguel o título de "esteta ótico", por transformar uma peça durante um programa de TV ao vivo.

"Miguel era exigente no trabalho e um ser humano de grandes virtudes. O que nos fez durar esses 40 anos foi essa relação de humanidade, também com os clientes. Aqueles que não tinham condições financeiras, ele deixava pagar conforme a possibilidade", conta Alvaro, que também era seu companheiro de vida.

De jeito simples, Miguel não fazia distinção entre as personalidades e os demais clientes. Atendia todos da mesma forma: educada, gentil, elegante e sempre com um sorriso fácil.

"Das muitas histórias marcantes tem a de uma senhora muito humilde que, durante 35 anos, levou doce de abóbora feito por ela todos os anos para o Miguel. Essa senhora fez isso até há dois anos e a data coincidia com o aniversário dele, em setembro", relata Alvaro.

"Na questão humanitária, Miguel fez mais do que a capacidade dele de ser", destaca também.

Foram muitos os projetos sociais de que participou com doação de óculos, como o Bandeira Científica, da USP, por exemplo.

Em 2021, Miguel foi um dos seis indicados pela International Opticians' Association para concorrer ao prêmio Ótico Internacional do ano.

"Isso sintetiza o que Miguel representou e continuará representando para a ótica brasileira. Construímos uma respeitabilidade junto ao segmento oftalmológico", comenta Alvaro.

Além das lojas, em 1996, Miguel Giannini fundou o Museu dos Óculos Gioconda Giannini, nome de sua mãe, sediado em um casarão da década de 1920, no bairro do Bexiga (região central).

O local guarda uma coleção de cerca de 700 exemplares de óculos, do Brasil e de outros países, produzidos entre os séculos 17 e 20, além de réplicas de peças mais antigas.

Miguel morreu no dia 28 de outubro, aos 79 anos, de insuficiência respiratória aguda. Deixa o companheiro, dois irmãos e sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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