Descrição de chapéu Obituário Bernardina da Silveira Pinheiro (1922 - 2021)

Mortes: Foi referência brasileira na tradução de James Joyce

Bernardina da Silveira Pinheiro morreu aos 99 anos e deixou para trás o desejo de traduzir 'As viagens de Gulliver'

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São Paulo

A literatura perdeu uma de suas damas: Bernardina da Silveira Pinheiro, a tradutora do romancista irlandês James Joyce.

Carioca criada em Botafogo, estudou no tradicional Colégio Sion. Ela tinha seis irmãos e adorava o avô materno Antônio Azeredo, que foi senador por Mato Grosso.

Interessada em língua inglesa, Bernardina estudou letras na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) quando ainda se chamava Universidade do Brasil.

Bernardina da Silveira Pinheiro (1922-2021)
Bernardina da Silveira Pinheiro (1922-2021) - Arquivo pessoal

Durante muitos anos lecionou inglês. Era concursada no Colégio Pedro II, instituição de ensino público federal. Depois, surgiu a possibilidade de se candidatar à UFRJ, onde deu aulas de literatura inglesa e americana e tornou-se professora emérita.

Bernardina começou a ler James Joyce e se apaixonou. Viajou à Inglaterra para um curso e também à Irlanda, onde aprofundou-se no estudo do romancista. Lá, fez contatos preciosos, entre eles com Richard Ellmann, crítico literário e biógrafo do próprio Joyce e dos também escritores Oscar Wilde e de William Butler Yeats, segundo conta o jornalista Flávio Pinheiro, 73, seu filho.

Em 2006, a tradução que fez de “Ulisses” —trabalho que demorou oito anos para concluir— levou Bernardina a ser finalista do prêmio Jabuti.

Autoridade brasileira na obra de Joyce, anualmente, em 16 de junho, participava dos eventos nacionais do Bloomsday. Na data, os fãs do autor homenageiam o personagem Leopold Bloom, herói de “Ulisses”.

Bernardina também traduziu outros livros: “Um retrato do artista quando jovem”, do mesmo autor, e “Uma viagem sentimental através da França e da Itália”, do irlandês Laurence Sterne.

Enquanto aposentada, transformou a própria casa, em Copacabana, num ponto de encontro com grupos para leitura e discussão de “Ulisses”.

Viúva, Bernardina morreu no dia 7 de outubro, no Rio de Janeiro, aos 99 anos, em decorrência de uma pneumonia.

Além do desejo de traduzir mais um livro —“As viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift— deixa quatro filhos, seis netos e 11 bisnetos. O filho caçula, o ator Felipe Pinheiro, havia morrido aos 33 anos.

“Por ter sido uma mulher de grande vivacidade e fala veemente, criou muitas amizades. Ela gostava de conversar sobre política, mesmo sem liderança partidária, mas com posição clara”, diz Flávio.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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