Na vida de Vilma Canton, as brincadeiras da infância deram lugar ao trabalho na roça, onde viveu até os 65 anos.
Os pais de Vilma eram filhos de imigrantes italianos. Natural de Serafina Corrêa (RS), ela perdeu a mãe aos cinco anos e, junto aos quatro irmãos, foi criada pelo pai e pela madrasta.
Aos 21 anos, casou-se e teve nove filhos. Mesmo acostumada a dificuldades, Vilma vislumbrou outro cenário aos filhos e tornou-se uma incentivadora de boas práticas e da educação. Fez questão de que todos estudassem e construíssem um futuro diferente.
Astuta, inteligente, perspicaz e curiosa, embora não tenha se aprofundado nos estudos, Vilma conversava sobre todos os assuntos. “Gostava de falar sobre política e medicina”, conta o
comerciante José Paulo Canton, 58, um dos filhos.
Na mesma Serafina Corrêa, dos 65 aos 85 anos trocou o campo pelo asfalto da cidade, e, ao enviuvar, mudou-se para Rio Claro (a 173 km de São Paulo).
Além do talento para conversar sobre assuntos diversos, Vilma relacionava-se bem com as pessoas. “Ela tinha tudo para ser uma líder”, diz José.
De quebra, era exímia como cozinheira —imbatível no pão e na polenta— e como contadora de causos. Gostava de relatar aos filhos as histórias de sua infância, uma forma de emoldurar as cenas vivenciadas no passado.
Católica praticante, frequentou a missa até quando sua saúde permitiu. Vilma rezava o terço, principalmente em momentos de aflição sua ou dos filhos.
A eles deixou a marca da resiliência e os ensinou a serem unidos e solidários uns com os outros.
Nos últimos meses, para melhor cuidado, Vilma viveu numa clínica de repouso. Morreu dia 9 de outubro, aos 91 anos, após uma parada cardiorrespiratória. Deixou sete filhos vivos dos nove que teve, 12 netos e seis bisnetos.
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