Mulheres atolam em obra que aumenta faixa de areia em Balneário Camboriú (SC); veja vídeo

Trecho onde caso ocorreu ainda não está liberado para o público, segundo prefeitura

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Porto Alegre

Duas mulheres ficaram presas em um trecho ainda em obra de ampliação da faixa de areia na orla de Balneário Camboriú, no litoral catarinense, e precisaram ser resgatadas por guarda-vidas, por volta das 10h30 desta terça-feira (26).

Uma das mulheres ficou presa em um bolsão de areia movediça primeiro, enquanto caminhava, enquanto a segunda atolou tentando ajudá-la a sair, de acordo com o relato de uma delas à Folha.

Por meio de nota, a prefeitura municipal informou que o trecho da Praia Central, entre a rua 4000 e Pontal Norte, onde ocorreu o caso, ainda não está liberado para o público, com sinalização indicando o mesmo.

Em um vídeo de pouco mais de um minuto, uma das mulheres, que parece estar presa até a cintura na areia, é puxada por um guarda-vidas com auxílio de um cabo de salvamento, enquanto a outra aguarda. Elas não tiveram ferimentos, segundo informações do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.

Segundo o capitão Marcus Vinicius Abre, subcomandante do 13º Batalhão de Bombeiros Militar, as mulheres foram avistadas pelos guarda-vidas que ficam em um posto a cerca de 300 metros de distância do local e que acionaram o resgate.

O subcomandante afirma ainda que há relatos de outros casos de pessoas presas na areia, em situações semelhantes, mas que conseguiram sair sozinhas e por isso não houve registro de ocorrência.

"[É necessário] Que as pessoas respeitem a sinalização. O local está muito bem isolado pela empresa responsável, tem diversas placas, tem cercado, as pessoas estão burlando. O risco não é só de atolamento, mas também de acidentes envolvendo o maquinário e viaturas que trabalham na obra", ressalta ele.

Uma mulher ficou atolada em uma parte da obra de alargamento da faixa de areia da Praia Central de Balneário Camboriú, no litoral catarinense, nesta terça-feira (26) - Reprodução

A segunda mulher que aparece no vídeo, Rosinha Viegas, 59, diz que não havia sinalização no local, que as cercas de proteção estavam no chão e que só voltou para a areia depois de um trecho interditado porque havia mais pessoas circulando no local.

Logo que pisou na areia, porém, diz ela, seu pé afundou e ela caiu. Um rapaz a ajudou e orientou que ela pisasse apenas nas partes brancas, onde a areia havia secado. Em seguida, ela viu a outra mulher deitada, que parecia estar tomando banho de sol, pedindo ajuda e foi até ela.

"Eu não pensei duas vezes, fui pulando nas partes brancas, para tentar ajudar a moça, só que na hora que cheguei perto, que eu fui esticar minha mão, eu afundei no mesmo bolsão de areia movediça que ela estava", conta ela.

"Cada vez que eu dava uma mexida, afundava. Quando cheguei estava até o joelho, quando saí estava para cima da cintura de areia. É impressionante, é muito rápido, não tem onde se apoiar porque é tudo lama".

Ela relata ainda que os veículos que foram ajudar no resgate também tiveram dificuldade no terreno e chegaram a atolar. Rosinha diz que ficou com dores no corpo pela força dos movimentos para tirá-la do local.

"Eu acho que eles deveriam reforçar a fiscalização, reforçar a informação passada, porque se eu tivesse visto uma placa ‘área perigosa: sedimentação de areia’, jamais teria entrado ali. Só que a partir do momento que você vê tudo aberto, várias pessoas caminhando, você pensa que não tem problema, as máquinas estavam longe", diz ela.

Mais cedo, a prefeitura de Balneário Camboriú reforçou que tem sinalizado o local com uso de cerquites, espécie de tapumes de plástico, para que as pessoas não avancem sobre a praia porque a areia precisa de tempo para se estabilizar.

"É imperioso que as pessoas se conscientizem que existe risco, que respeitem esse tempo e não façam uso nos primeiros dias após a execução desse aterro de praia", explica o coordenador da obra de aterro da praia, Rubens Spernau.

Com pouco mais de cinco quilômetros no total, até o momento a obra de alargamento da faixa de areia em Balneário Camboriú teve dois quilômetros liberados para a circulação. A obra iniciada em agosto deve triplicar a faixa de areia, passando de 25 metros até o mar para 75.

Segundo Spernau, a obra foi feita para acomodar o movimento de veranistas, turistas ou moradores, que já não cabiam no espaço disponível da faixa de areia. Ele ressalta que questões como erosão marinha, por ação do homem ou não, afetaram a orla em diversos pontos da costa brasileira nas últimas décadas.

"Nós precisávamos recuperar a praia. Na verdade, ela está tomando a forma que ela teve na década de 1950, quando era uma praia praticamente sem ocupação. A gente está recompondo, por isso a gente chama de recuperação de praia essa obra", explica.

Desde agosto, quando as obras de ampliação da faixa de areia iniciaram, relatos de tubarões se aproximando da costa ou avistados por pescadores em enseadas próximas se tornaram mais frequentes.

À Folha, o pesquisador Jules Soto, curador do Museu Oceanográfico da Univali, responsável pelo monitoramento dos tubarões, afirmou que a intervenção na faixa da areia é a responsável pela intensificação da presença dos animais.

Spernau diz que a prefeitura acompanha a questão e que não há, até o momento, registros de espécies que ataquem seres humanos entre aquelas avistadas. Técnicos da área, diz ele, apontam que os animais podem ter sido atraídos por questões de cadeia alimentar, com a movimentação de outras espécies no local.

O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina diz que não há registros de atendimentos a pessoas atacadas por tubarões na região.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.