Tubarões se aproximam de Balneário Camboriú após obra para ampliação da praia

Especialista afirma que intervenção atrai os animais marinhos, mas não vê motivo para preocupação

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Rio de Janeiro

Quatro tubarões se aproximaram da costa de Balneário Camburiú (SC) e outros 16 foram vistos por pescadores da enseada, mais distantes da orla, desde agosto, quando começaram as obras para ampliação da faixa de areia da praia central da cidade.

O pesquisador Jules Soto, curador do Museu Oceanográfico da Univali, responsável pelo monitoramento dos tubarões, afirma que a intervenção na faixa da areia é a responsável pela intensificação da presença dos animais.

Trecho da praia central de Balneário Camboriú (SC) liberado ao acesso público, já com a faixa de areia totalmente alargada - Kaio Garcia - 28.set.2021 / PMBC

Soto afirma que o barulho e o revolvimento de sedimentos causados pela intervenção atraíram os tubarões para mais perto da costa do balneário.

“Sempre que há esses distúrbios no ambiente marítimo, como explosões, naufrágios, há uma atração dos tubarões. Além disso, a remoção de sedimentos expõe organismos e mexe na cadeia alimentar, atraindo camarões e peixes que, por sua vez, atraem os tubarões”.

Três tubarões-martelo foram avistados, sendo Soto, perto do molhe da praia há um mês. Na quarta-feira (13), uma outra espécie do animal esbarrou no surfista Pita Tavares, que se assustou com o visitante.

“O tubarão passou por cima da minha perna e me atacou pelas costas. Pegou na minha roupa e me puxou para o fundo. Bati com a prancha e consegui soltar. Ele não me pegou, não me mordeu. Mas fica o alerta. Foi mais o susto, pensei até em parar de surfar”, disse o surfista em suas redes sociais.

Para Soto, não há razão para alarde. Ele disse ter conversado com o surfista e, pelo relato que ouviu, o choque foi acidental e não houve ataque.

“Nenhuma das espécies capturadas gerou preocupação. Elas não têm histórico de ataque. Não tenho temor nenhum”, disse ele.

O pesquisador afirma que o aumento da frequência de tubarões era esperado desde o início das obras para ampliação da praia, em agosto. Ele afirma que desde o começo das intervenções os pescadores enviaram fotos do animal durante navegações noturnas.

“Eles nos mandaram fotos de 16 exemplares diferentes de porte expressivo, sem contar os menores. Nós monitoramos tubarões desde 1993, e houve um aumento expressivo após o início das obras. É muito improvável uma coincidência”, disse Soto.

A megaobra, que compreende a ampliação da faixa de areia de 25 metros para 75 metros —com possibilidade de retração de até 5 metros após um período de assentamento—, está prevista para ser totalmente liberada ao público em novembro.

Os banhistas foram autorizados a acessar um trecho de dois quilômetros já concluídos, da rua 4.000 até o molhe da Barra Sul.

A recuperação da faixa de areia da praia central é uma demanda antiga dos moradores e turistas de Balneário Camboriú. Projetos foram apresentados desde a década de 1990 e, em um plebiscito realizado há 20 anos, 71% da população se manifestou favoravelmente à obra.

O plano de execução do atual projeto foi custeado por um grupo de empresários locais e a obra, estimada em R$ 66 milhões, foi possível por meio de um empréstimo do Banco do Brasil.

A areia é coletada em até 40 metros de profundidade em uma jazida que fica a 15 km da praia. Cerca de 13,5 mil m³ do material são carregados por uma cisterna até o ponto de junção da draga, a cerca de 2 km do local de descarregamento.

Uma tubulação submersa tem então o trabalho final de fazer chegar a areia à praia. A faixa de areia está sendo ampliada em cerca de 90 metros a 100 metros por dia.

O transporte da areia nova à praia fica a cargo da draga Galileo Galilei, navio de origem belga, mas que atracou vindo de Singapura. Ele é operado por uma tripulação especializada de 28 pessoas, sendo sete brasileiros. Há ainda na embarcação dois fiscais contratados para o monitoramento ambiental.

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