Descrição de chapéu interior de são paulo

Altinópolis interdita 19 grutas após laudo sobre local que desabou

Interdição é válida até novos estudos; 9 bombeiros civis morreram em desabamento

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Ribeirão Preto

Um laudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) apontou que a gruta Duas Bocas, em Altinópolis (interior de São Paulo), onde nove bombeiros civis morreram no último dia 31, possui estruturas favoráveis aos chamados desplacamentos, como fissuras, o que fez a prefeitura interditar as 19 grutas existentes no município.

Conforme os dados do IPT, a gruta em que o grupo de 28 bombeiros civis participava de um treinamento no último fim de semana de outubro apresentava manchas de umidade, "planos de descontinuidade" no teto e "estruturas favoráveis aos desplacamentos".

Imagem mostra homens do Corpo de Bombeiros retirando corpo de bombeiro civil morto em soterramento na gruta Duas Bocas, em Altinópolis
Homens do Corpo de Bombeiros retiram corpo de bombeiro civil morto em soterramento na gruta Duas Bocas, em Altinópolis - Eduardo Anizelli/Folhapress

Parte do teto da gruta Duas Bocas, que não era utilizada para turismo, desmoronou no início da madrugada do dia 31, soterrando parte do grupo de bombeiros civis que participavam do treinamento.

Além dos nove mortos, cujos corpos foram encontrados a uma profundidade de 1,5 m, outras duas pessoas sofreram ferimentos graves e chegaram a ser internadas na Santa Casa de Batatais e no HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão Preto —elas já receberam alta hospitalar.

A região em que as grutas se encontram é formada por rochas areníticas, estrutura em que é mais comum a ocorrência de desmoronamentos, o que fez com que a administração interditasse as 19 grutas até que estudos preliminares com as condições de cada uma sejam apresentados.

"Os proprietários das terras onde as grutas estão localizadas serão notificados para que, pretendendo permitir o acesso ao interior do espaço, promovam o monitoramento constante e sistemático do local, bem como elaborem o devido estudo geológico e plano de manejo", diz trecho de comunicado da administração sobre a interdição dos espaços, assinado pelo prefeito José Roberto Ferracin Marques (PSD).

Além de especialistas do IPT, o documento foi elaborado por profissionais da Defesa Civil e do IPA (Instituto de Pesquisas Ambientais).

A sugestão de interdição temporária consta no documento, que contém ainda as recomendações à prefeitura de fazer estudo geológico com análise estrutural do maciço rochoso, determinar a cronologia do acidente (a partir da coleta de informações e imagens das equipes que frequentam o local e também dos sobreviventes) e fazer monitoramento constante e sistemático das grutas, "principalmente nos períodos chuvosos intensos".

A prefeitura informou ter encaminhado um ofício ao IPT pedindo apoio para a realização de estudos voltados a garantir a segurança das grutas.

Altinópolis é um Município de Interesse Turístico, denominação obtida principalmente por causa de seus atrativos naturais, como as grutas e as cachoeiras.

Em depoimento à Polícia Civil de Altinópolis, o dono da escola de bombeiros civis Real Life, que ofereceu o treinamento na gruta, afirmou que a tragédia foi uma "fatalidade" e que era o primeiro treinamento do grupo em caverna.

Outros 11 bombeiros civis, todos sobreviventes do acidente, também já prestaram depoimento. A investigação policial está em andamento.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.