Sérgio Rosário Moraes e Silva tinha dois orgulhos: ser paulistano e advogado formado pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), no Largo São Francisco (região central da capital paulista).
Filho do jornalista José de Moraes e Silva e da dona de casa Mafalda Abramo de Moraes e Silva, Sérgio nasceu numa maternidade na rua Frei Caneca. Na época, a família morava no Cambuci (região central).
A infância e adolescência foram vividas na Vila Clementino (zona sul). Boa parte da vida escolar Sérgio passou no Colégio Liceu Pasteur.
Sérgio trabalhou em escritório próprio até poucos dias antes de morrer. "Ser advogado era uma parte fundamental da identidade dele. A irmã, os tios e enteados são da mesma profissão", conta a artista plástica Christiana Moraes, 49, sua filha.
Em paralelo com a advocacia, na década de 1990, Sérgio empresariou e trouxe ao Brasil para shows algumas atrações internacionais como The Platters, Sérgio Endrigo, Peppino di Capri e Rita Pavoni.
Generoso, humilde e comunicativo, gostava de boa prosa com qualquer pessoa. Até antes da pandemia de Covid-19, fazia questão de se encontrar regularmente com os amigos da faculdade para almoçar.
Por sua personalidade, recebeu o título vitalício de festeiro entre amigos e familiares, visto como alguém vivia intensamente.
Amou, dançou, viajou e aproveitou cada celebração. "Na família, ele era conhecido como mágico, porque fazia mágica nas festas e no dia a dia", conta Christiana.
"Meu tio sabia comer fogo com fósforo, tirar moedas do cabelo e continuou fazendo isso com nossos filhos. Toda festa de crianças, a que ele nunca faltou, elas pediam as mágicas", conta a jornalista Cíntia Moraes Acayaba, 39, sua sobrinha.
Sérgio era um homem culto e leitor assíduo da Folha. "Amava o jornalismo e até o final da vida leu sobre todos os confrontos políticos. Ele achava que a Ilustrada tinha uma pegada indie e brincava que sabia tudo de garage [gênero de música eletrônica]", lembra Cíntia.
Em junho deste ano, Sérgio e a mulher, Mônica de Moraes e Silva, foram diagnosticados com câncer —no fígado e no cérebro, respectivamente.
Otimista, ele entrou no hospital dizendo "vou sair dessa", mesmo ciente da gravidade da doença e ainda planejava viagens com os netos.
Mônica morreu no dia 12 de agosto. Sérgio, no dia 9 de novembro, aos 75 anos. Viúvo, deixa dois filhos, um enteado, três netos biológicos e quatro netos "de coração".
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