Descrição de chapéu Obituário Roberto Octaviano Nascimento (1942 - 2021)

Mortes: Corintiano fanático, passou para a família a paixão pelo time

Desde criança, Roberto anotava em cadernos a ficha técnica de cada jogo da equipe

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São Paulo

Era motivo de risos a história do dia em que a babá entrou no estádio do Pacaembu (na zona oeste de São Paulo ), pegou Roberto Octaviano Nascimento pela orelha e o levou de volta para a casa.

Desde criança, ele fugia da residência e da escola para ir ao Pacaembu ver os jogos do time que aprendeu a amar com o pai adotivo Juca: o Corinthians. Roberto e a família moravam a poucos passos do estádio.

Paulistano, Roberto foi adotado ainda bebê por uma família tradicional do bairro, mas sempre teve contato com os familiares biológicos —cuidou de sua irmã gêmea Clotilde até morrer.

Roberto Octaviano Nascimento (de cinza) com a esposa e cunhados
Roberto Octaviano Nascimento (de cinza) com a esposa e cunhados - Arquivo pessoal

Desde que começou a alfabetização, Roberto anotava em cadernos de brochura a ficha técnica de cada jogo do Corinthians. Fez isso por cerca de 70 anos até a partida contra o Fortaleza, em 6 de novembro de 2021.

"Para mim, ele era o maior historiador vivo do Corinthians", diz a produtora de conteúdo Leonor Maria Martin de Macedo, 39, sua sobrinha.

"Quando tinha sete anos meu tio me levou ao jogo pela primeira vez e isso mudou minha vida. O jeito que sei viver em sociedade tem a ver com o futebol e o Corinthians, e foi ele quem me ensinou isso", afirma.

Sócio vitalício do clube, Roberto esteve em muitos jogos e sempre com alguém da família.

Formado em direito, trabalhou até após a aposentadoria. A justiça corria em suas veias. "Meu tio era muito empático e ao mesmo tempo ranzinza com a humanidade. Achava o mundo cruel, odiava e ficava bravo com injustiças", conta Leonor.

Com quem cruzasse seu caminho era um homem doce. Ao lado dos familiares, também divertido e engraçado. "Ele amava um trocadilho infame. Era o próprio tiozão do pavê, aquela piada clássica. É pavê ou pacumê?", lembra a sobrinha.

Gilberta Martin Nascimento, hoje com 78 anos, o conheceu numa padaria, em Pinheiros (zona oeste). Conversaram, tornaram-se amigos, namoraram e ficaram casados por mais de 50 anos.

No coração de Roberto havia muito amor para os animais, em especial cachorros. Criou vários ao longo da vida e sofreu horrores com a morte de cada um deles.

Fã do cantor, compositor e violonista Paulinho da Viola, Roberto arrasava no violão. Aprendeu a tocar o instrumento com o violonista e compositor Paulinho Nogueira (morto em 2003), que teve músicas gravadas por grandes artistas, entre eles, Jane Duboc e Jair Rodrigues.

O talento somado à boa memória para canções antigas rendeu à família momentos agradáveis. "Todo mundo aprendeu sobre música e futebol com ele."

"Meu tio nos ensinou a viver intensamente aquilo que você ama e não deixar nada pela metade."

Roberto morreu dia 8 de novembro, aos 79 anos, por complicações de insuficiência respiratória e cardíaca. Deixa a esposa, três filhos, dois netos e sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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