Descrição de chapéu Obituário Agenor Barbosa de Almeida (1930 - 2021)

Mortes: Foi o recepcionista dos torcedores e fãs de Ayrton Senna

Agenor foi ascensorista do Banco Central e acabou demitido por Collor

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O sobrenome de Agenor o remetia diretamente a um fato de que se orgulhava: pertencer à tradicional família Barbosa de Almeida, que fabricava a famosa pinga Barbosa.

Natural de Mairiporã, na região metropolitana de São Paulo, aos 17 anos deixou sua terra natal devido a desapropriação da fazenda da família, onde hoje está a represa de Mairiporã.

Assim, mudou-se para a casa dos tios, no Jaçanã (zona norte da capital), bairro eternizado na música "Trem das Onze", de outro Barbosa famoso, o Adoniran.

Agenor Barbosa de Almeida (1930-2021)
Agenor Barbosa de Almeida (1930-2021) - Arquivo pessoal

"O primeiro emprego de Agenor foi na Metalúrgica Aliança, mesmo local onde o ex-presidente Lula sofreu o acidente e perdeu um dos dedos. Como não lidava bem com ferramentas e máquinas, e soube que o Banco da Bahia estava admitindo ascensoristas, foi atrás de uma oportunidade e aprovado", conta o advogado Adilson Carvalho de Almeida, 59, seu filho.

Agenor apaixonou-se por Dirce, que morava a poucos metros da casa de seus tios. Casaram-se em 1956 e construíram um lar na Vila Gustavo (zona norte).

Logo em seguida, surgiu a oportunidade de trabalhar no Banco Central do Brasil, onde fez amizade com muitos dos ex-presidentes da instituição. Foi demitido no governo de Fernando Collor de Mello, quando o então presidente determinou a saída dos terceirizados.

Como fora contratado antes da Constituição de 1988, Agenor já tinha estabilidade, fato que o levou a acionar o banco na justiça do trabalho. A causa ganha possibilitou-lhe uma aposentadoria mais tranquila.

Separado da esposa, morou durante três anos na chácara de um dos filhos, em Mairiporã, e depois retornou à capital.

Na época, recebeu o convite do filho Adilson, então presidente da Torcida Ayrton Senna, para morar na casa da Vila Maria (zona norte), que foi o escritório do piloto por mais de 20 anos. Lá, cuidava dos oito cachorros e recepcionava os turistas que visitavam a sede da torcida organizada, a maioria vindos de Japão, Itália, Alemanha e França.

"Mesmo sem dominar outros idiomas, ele ganhava a simpatia dos turistas estrangeiros, que faziam questão de tirar fotos com ele em frente à casa. Quando o ex-presidente Collor visitou o local, não perdeu a oportunidade de contar que havia sido demitido do Banco Central a pedido dele, mas obtido uma boa indenização. Collor apenas deu uma boa gargalhada", relata Adilson.

O São Paulo Futebol Clube, seu time do coração, fazia parte de suas conversas preferidas. Ir ao Morumbi era reviver uma paixão de criança.

Agenor morreu dia 16 de novembro, aos 91 anos, por complicações de uma pneumonia. Deixa a esposa, com quem havia se reconciliado, quatro filhos e oito netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.