O médico e professor Manoel João Batista Castello Girão era uma referência quando se tratava da ginecologia no Brasil —ele também era diretor da EPM/Unifesp (a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo) e presidente do Conselho Estratégico do Hospital São Paulo.
Ele faleceu no dia 30 de outubro, aos 60 anos, vítima de complicações da Covid.
"Era uma pessoa competente, ética e extremamente generosa com os outros", afirma o professor Fulvio Alexandre Scorza, vice-diretor da EPM/Unifesp.
De origem humilde, Manoel Girão contou com o esforço próprio e da família para se formar. Filho único, ingressou na Escola Paulista de Medicina no começo da década de 1980 e foi um dos alunos destaque na graduação, segundo Fulvio.
"Mesmo sendo uma escola pública os livros eram caros, tudo era caro naquela época", afirma o vice-diretor.
Na graduação, optou pela ginecologia e obstetrícia e fez a residência médica na EPM. A pós-graduação, o mestrado, o doutorado e a livre docência também foram realizados na Unifesp.
Em 1989, ingressou na carreira de docente e tornou-se professor titular.
"A Escola Paulista de Medicina foi palco da brilhante trajetória do professor Manoel Girão, lugar ao qual dedicou a sua carreira por 42 anos", afirmou em nota a instituição.
O professor Fulvio recorda que mesmo estando em uma fase mais confortável de sua carreira tanto pública quanto privada, há dois anos Girão aceitou o desafio de dirigir a EPM.
"Com uma visão acadêmica e empresarial excepcional, ele revolucionou nesses dois anos a gestão da Escola Paulista", afirma o vice-diretor. "[Ele fez] uma administração muito mais empática e humanizada com relação a todas as questões envolvendo tanto a academia quanto a população em geral".
À frente de projetos sociais durante a pandemia, junto com a equipe da EPM conseguiu uma série de doações que foram distribuídas para a comunidade do hospital e do entorno.
"Para toda a comunidade da Unifesp é uma perda irreparável", afirma Fulvio.
"O professor, de uma forma precoce, infelizmente não resistiu a esse vírus que assola o mundo e que muitas vezes podería ter sido evitado no nosso país", completa.
O médico estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein desde o dia 19 de agosto. Ele deixa a mulher, dois filhos e a mãe.
De acordo com o vice-diretor, a ideia é continuar o legado do professor Girão. "Para mim ele era um mentor, praticamente, meu professor".
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