Descrição de chapéu Obituário Roberto Koji Murasaki (1964 - 2021)

Mortes: Leitor voraz do ser humano, formou e uniu as pessoas

Como professor, Roberto Koji Murasaki agregava educação, arte e cultura

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São Paulo

Crítico, ácido, introspectivo e até mal-humorado em algumas ocasiões. Mas também afetuoso e preocupado com o próximo, muito mais do que consigo. Eis a fotografia da personalidade do geógrafo e educador Roberto Koji Murasaki.

Inteligente, perspicaz e dono de um poder de síntese muito forte, Roberto tinha uma leitura do ser humano muito aguçada. O talento para agregar pessoas era uma das suas principais marcas.

Natural de Dourados (MS) e filho de imigrantes japoneses, Roberto mudou-se para São Paulo na adolescência para estudar e trabalhar.

Roberto Koji Murasaki (1964-2021)
Roberto Koji Murasaki (1964-2021) - Arquivo pessoal

Nos anos de 1980, formou-se em geografia na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e na mesma década foi contratado como professor no CPM (Colégio Pré-Médico), na Lapa (zona oeste da capital paulista).

"A grande carreira dele foi no Anglo de Osasco [Grande São Paulo], onde trabalhou como professor e coordenador e no cursinho pré-vestibular. Durante sua gestão como coordenador ajudou a montar quatro unidades do colégio e cursinho, em Alphaville, Granja Viana, Taboão e São Francisco", conta o ator de cinema, ator e diretor de teatro Clayton Mariano, 43, seu amigo há cerca de 25 anos.

"O Koji foi meu professor, meu chefe, meu amigo. Virei ator porque ele inventou o sistema de criar grupos de teatro dentro de um curso pré-vestibular. Seu pensamento sempre envolveu a educação integrada à arte e à cultura", afirma Clayton.

"Ele era apaixonado e profundo conhecedor da história do cinema japonês. Apresentou para mim os grandes diretores", completa o amigo.

Nos anos 2000, Roberto retornou ao CPM e na mesma época investiu num sonho: criou a Cooper Nexus, uma cooperativa de professores e profissionais da educação.

"Koji foi a pessoa que mais entendeu o espírito de que vivemos em comunidade. A vida dele foi juntar pessoas. Para ele, a vida só fazia sentido com a coletividade."

"Ele era apaixonado por esportes e desenvolveu várias teorias geopolíticas usando o esporte como metáfora. Algo bem original, que poderia ter publicado e se firmado como um grande intelectual, mas sempre esteve mais preocupado em formar grupos artísticos, políticos, jovens, combatentes, ou seja, um professor no sentido mais profundo, de formar pessoas", relata Clayton.

Roberto morreu dia 14 de novembro, aos 57 anos, por complicações de insuficiência renal. Solteiro, deixa a mãe, irmãos, alunos e amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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