'Por mim, não teria Carnaval', diz Jair Bolsonaro

Presidente diz que decisão cabe a governadores e prefeitos

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (25) ser contrário à realização do Carnaval no ano que vem, mas que não cabe a ele decidir.

A celebração do feriado tem sido cancelada em alguns municípios, em especial no interior paulista, e está incerto em grandes centros carnavalescos, como Salvador, Recife e Olinda. Existe o receio de que os festejos possam desencadear uma nova onda de casos de Covid-19.

"Por mim, não teria Carnaval, mas tem um detalhe, quem decide não sou eu. Segundo o STF, quem decide são governadores e prefeitos", afirmou em entrevista à rádio Sociedade da Bahia, nesta manhã.

O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília - Ueslei Marcelino - 24.nov.21/Reuters

Bolsonaro faz menção à decisão da corte do ano passado que garantiu aos gestores estaduais e municipais autonomia para decidir a respeito de medidas no enfrentamento da Covid-19.

O presidente usa de forma equivocada a decisão para alegar que ele não teria responsabilidade sobre a gestão do combate ao novo coronavírus.

Em julho deste ano, a conta oficial do STF no Twitter reafirmou que não impediu o governo de atuar. "O STF não proibiu o governo federal de agir na pandemia! Uma mentira contada mil vezes não vira verdade!", afirmou no Twitter.

Apesar de ter dito ser contrário à realização do Carnaval, por causa do vírus, o presidente criticou, na entrevista à rádio baiana, medidas de isolamento e disse que, se houver mais lockdown no país, vai "quebrar a economia de vez".

Políticos de direita e personalidades conservadoras também defendem o cancelamento do evento. Para eles, existe uma contradição entre a realização da celebração e a bandeira pelas medidas de isolamento social.

Entre eles está a atriz Regina Duarte, ex-titular da Secretaria Especial da Cultura de Bolsonaro. Em uma mensagem divulgada em rede social, ela escreveu: "Te proibiram de viver! E agora quem festejar o Carnaval? Vai vendo Brasil, vai vendo!".

Para a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), é preciso ter responsabilidade. "Estamos conseguindo controlar, mas em outros países os números estão subindo. Eu conversei com vários médicos, de várias linhas no âmbito da ciência, linhas ideológicas, inclusive, alguns são favoráveis, outros não. Mas o que importa é o seguinte: é necessário? É necessário aumentar os riscos? Eu entendo que não", disse.

Apesar de os totais de casos e mortes por Covid-19 estarem em queda no Brasil, especialistas em saúde divergem sobre a realização do Carnaval.

Uma ala acredita que cancelar pode evitar possíveis curvas de contágio e o surgimento de variantes do vírus. Por outro lado, há quem defenda que manter os festejos é possível, desde que haja protocolos rígidos, como a exibição de comprovantes de vacinação e o uso de máscaras.

Pelo menos 58 municípios do interior e do litoral paulista já anunciaram o cancelamento dos eventos públicos de Carnaval, desde localidades com menos de 5.000 habitantes, algumas das quais sem novos casos há três semanas, a cidades do porte de Sorocaba e Franca.

A diretora-Geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Acesso a Medicamentos, Mariângela Simão, disse, na última terça-feira (23), que o mundo vive uma quarta onda de casos de Covid-19 e fez um alerta sobre o Carnaval.

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