Um bate-boca começou durante o depoimento de Reinaldo César Pereira, que é casado com uma prima de Monique. Na ocasião, o promotor Fábio Vieira perguntou sobre os negócios que a família de Jairinho comanda em Bangu, na zona oeste do Rio.
"Eu ouvi dizer que eles são donos de Bangu, são donos da milícia, são donos disso tudo", disse ele. "Mas não posso afirmar nada. Eu não conheço pessoalmente nem um nem outro. Agora, o que posso afirmar é que eles são pessoas influentes e poderosas em Bangu."
Um levantamento da Folha mostrou que Jairinho foi citado em 37 ligações do Disque Denúncia desde 2004. A suposta ligação com milicianos, bicheiros ou traficantes é a causa mais frequente, considerando que cada denúncia pode ter mais de um motivo.
Responsável pela defesa de Jairinho, o criminalista Braz Sant'Anna interveio e disse que as declarações são baseadas em opiniões, e não em fatos. Thiago Minagé, advogado de Monique, também quis se manifestar e levantou a voz, mas foi repreendido pela juíza.
"Calma, doutor. O senhor está nervoso? Então toma um Rivotril. O senhor não pode ficar gritando aqui, não", disse a juíza Elizabeth Machado Louro.
O primeiro depoimento do dia foi de Antenor Lopes, diretor do DGPC (Departamento-Geral de Polícia da Capital). Arrolado pela defesa de Monique, ele respondeu sobre questões administrativas do inquérito e elogiou a atuação de Henrique Damasceno, delegado responsável pelo caso.
No começo das investigações, a defesa de Jairinho disse que o ex-vereador era perseguido pelo delegado e solicitou que o inquérito fosse para as mãos da Delegacia de Homicídios da cidade.
"O que eu vi foi o doutor Henrique Damasceno e a doutora Ana Carolina, de maneira incansável, tentando responder o que que levou à morte do menino Henry Borel", disse ele. "Na nossa visão, as investigações foram feitas de forma isenta e imparcial. Não houve nenhuma forma de conluio ou complô."
Durante o depoimento de Lopes, uma mulher usando máscara com uma imagem do presidente Bolsonaro foi retirada por seguranças após se exaltar na plateia. "Eu não sei por que estou sendo retirada, mas eu saio de alma lavada", disse ela.
Cinco pessoas prestaram depoimento nesta quarta (15), na terceira audiência do caso Henry. A primeira foi feita no dia 6 de outubro e durou 14 horas. Na oitiva, foram ouvidas dez testemunhas de acusação, como o delegado responsável pelas investigações e o pai da criança.
Na terça (14), foi a vez das testemunhas de defesa de Jairinho. A audiência durou quase nove horas e contou com o depoimento de dez pessoas, entre elas o pai do ex-vereador, o deputado estadual Coronel Jairo.
Na audiência desta quarta (15), um grupo segurava cartazes com fotos de Henry e pedia que o casal fosse a júri popular. "A Monique foi conivente. Ela fez selfie na delegacia. Isso não é mãe. Ela sabia que ele estava ali massacrando o filho dela. Ela queria dinheiro e status", disse uma mulher usando megafone.
O laudo da reprodução da morte de Henry apontou que ele sofreu 23 lesões no total, produzidas mediante ação violenta. Entre elas estão escoriações e hematomas em várias partes do corpo, infiltrações hemorrágicas em três regiões da cabeça, laceração no fígado e contusões no rim e no pulmão.
A defesa de Jairinho e de Monique diz que eles são inocentes.
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