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Juiz suspende julgamento da Kiss durante jogo de Corinthians e Grêmio

Magistrado diz que acatou demanda de jurados para verem partida; este domingo é o quinto dia do júri

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Porto Alegre

O quinto dia de julgamento pelas mortes e tentativas de homicídio da boate Kiss, em Porto Alegre, neste domingo (5), terá uma hora de intervalo a partir das 17h, para que jurados e outros possam acompanhar ao menos o segundo tempo da partida entre Grêmio e Corinthians.

A partida ocorre a partir das 16h, em São Paulo, com o tricolor gaúcho lutando contra o rebaixamento para a série B. A ideia foi sugerida pelo juiz Orlando Faccini Neto, natural de São Paulo e corintiano, ainda no sábado.

Neste domingo, porém, o juiz pontuou que a parada veio de um pedido dos jurados para verem o jogo e que ele ficará no gabinete, estudando o processo.

Juiz Orlando Faccini Neto durante depoimento de vítima, no quarto dia do júri pelas mortes ocorridas na boate Kiss
Juiz Orlando Faccini Neto durante depoimento de vítima, no quarto dia do júri pelas mortes ocorridas na boate Kiss - Juliano Verardi/Imprensa TJRS/Divulgação

"Vou viabilizar, se todos concordarem, que eles vejam pelo menos o segundo tempo do jogo, para dar uma relaxada, e aí, depois à noite, a gente segue", afirmou ele no sábado.

O júri pelas 242 mortes e 636 vítimas sobreviventes do incêndio ocorre em Porto Alegre depois que algumas defesas dos réus pediram o desaforamento, questionando se Santa Maria (RS), cidade onde aconteceu a tragédia, poderia garantir um júri imparcial.

Os jurados têm a regra da incomunicabilidade e não podem, por isso, ter acesso a notícias e redes sociais durante o júri.

Como foi aberta a exceção para a partida de futebol, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do RS informou que foi solicitado à emissora de TV que transmitia o jogo que não fizesse nenhuma referência ao julgamento da Kiss durante o segundo tempo, período em que os jurados tiveram acesso à televisão.

Quatro réus são acusados por homicídio e tentativa de homicídio simples com dolo eventual contra as pessoas que estavam na boate na madrugada de 27 de janeiro de 2013 —os sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffman, e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista) e Luciano Bonilha Leão (assistente de palco, que teria comprado o artefato pirotécnico usado).

Neste domingo, o júri ouviu uma pessoa. Tiago Mutti, engenheiro civil, cujos familiares foram os primeiros donos da Kiss, passou de testemunha, chamado pela defesa de Hoffmann, para informante a pedido do Ministério Público. A Promotoria justificou apontando que ele responde a processo por falsidade ideológica ligado ao caso Kiss.

"Acho que a Polícia Civil acertou em muita coisa, só que em outras coisas eles erram. Minha família, nós fomos processados injustamente", afirmou ele durante o depoimento.

Diferente de testemunhas, informantes não têm obrigação de prestar compromisso de dizer a verdade. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, assim, o depoimento de uma testemunha tem um peso maior.

Ele contou como foram as obras de adaptação do prédio, onde funcionava um cursinho, para a boate e sobre o processo de venda da parte da sua irmã para Elissandro Spohr —ele teria pagado com R$ 10 mil e um carro usado, modelo New Beetle, com valor em torno de R$ 40.000. Segundo ele, Spohr disse que só pagaria após sair o alvará da prefeitura, como ocorreu.

Mutti disse ainda que a boate não era bem-sucedida, com sua família, e que voltou ao local apenas em 27 de dezembro de 2012, exatamente um mês antes da tragédia, para uma festa a convite de Spohr. Ele afirmou que achou a boate muito boa, após outra reforma, e que não viu espuma no local.

Além dele, mais uma vítima deve ser ouvida neste domingo, Delvani Brondani Rosso —assim como informantes, as vítimas não têm de prestar compromisso de dizer a verdade, portanto, tecnicamente, não são consideradas testemunhas.

Na sexta-feira, Gianderson Machado da Silva, que era testemunha de acusação, foi passado a informante depois que a defesa de Hoffmann citou uma publicação feita pela filha dele nas redes sociais, que poderia levar a questionar a isenção do seu depoimento. Gianderson trabalhava com extintores e atendeu a Kiss algumas vezes.

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