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Morre o francês Marc Beauchamps, coprodutor de 'Cidade de Deus'

Fundamental para a retomada do cinema nacional, Beauchamps tinha 61 anos e foi vítima de câncer

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São Paulo

O produtor de cinema Marc Beauchamps, um dos principais nomes da chamada retomada do cinema brasileiro nos anos 1990, morreu na manhã deste sábado (4), aos 61 anos, em um hospital do Rio.

Ele sofria de câncer havia sete anos e, nos últimos três meses, esteve internado em uma unidade de cuidados paliativos. A doença, que começou nos pulmões, se espalhou para a cabeça e a bexiga.

A morte foi confirmada por seu filho, Bruno Beauchamps, distribuidor de cinema e fundador da plataforma de streaming Filme Filme.

O produtor de cinema Marc Beauchamps
O produtor de cinema Marc Beauchamps - Reprodução

Beauchamps chegou ao Brasil aos 19 anos, vindo da França, onde já trabalhava com cinema. Seu pai era presidente de uma televisão francesa, e a mãe, âncora de um telejornal.

Chegando aqui, fez um documentário sobre Serra Pelada antes de abrir a Inicial Brasil, sua primeira empresa de comercialização de filmes brasileiros para a França e de filmes franceses para o Brasil.

Depois, fundou a Lumière, que por 20 anos foi a maior distribuidora de cinema independente do país. Foi ela, por exemplo, a responsável por levar "A Princesa Xuxa e os Trapalhões" (1989) às telas dos cinemas brasileiros.

A Lumière lançou ainda grandes produções da Miramax no Brasil, como "O Paciente Inglês" (1997) e "A Vida É Bela" (1999).

Já Beauchamps coproduziu "Cidade de Deus".(2002) e "Olga" (2004) na época em que atingiu o auge como profissional.

Visto como um "bon vivant" engraçado e conhecido por ser gastador, Beauchamps foi condenado a três anos de prisão pela Justiça francesa por tráfico internacional de drogas e preso em 2013 pela Polícia Federal do Rio.

Segundo a Justiça francesa, uma quadrilha de traficantes apontou o cineasta como responsável por enviar cocaína do Brasil à França. "Ele ficou 29 dias preso. Foi um erro isso que aconteceu. Meu pai nunca foi traficante. Ele teve uma vida de consumo de drogas, dilapidou todo o seu patrimônio com isso, mas nunca as vendeu. Ele simplesmente foi colocado em uma situação por outras pessoas, porque era famoso", afirma Bruno.

Em 2016, o Supremo Tribunal Federal aprovou a extradição de Beauchamps, o que não chegou a ocorrer, ainda segundo o filho. "Ele foi absolvido, não foi extraditado. No final, ficou comprovado que ele não era um traficante", diz.

"Quando ele foi preso, tinha acabado de sair de uma internação para reabilitação de drogas. Ele saiu, descobriu o câncer e, um mês depois, foi preso. Depois da prisão, foi cuidar do câncer e ficou cuidando até hoje."

Em 2011, o cineasta já havia sido apreendido por policiais civis, que o acusaram de tentar suborná-los com R$ 50 mil para ser liberado. Beauchamps foi levado à superintendência da Polícia Federal no Rio, mas, como não havia provas contra ele, foi liberado.

Além de Bruno, Beauchamps deixa os filhos Rafael e Luisa, a esposa, a fotógrafa Fernanda Vasconcelos, e a enteada, Júlia.

O velório será neste domingo (5), às 12h, no Cemitério do Caju, zona norte do Rio, na capela B. O produtor será cremado.

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