Mortes: Cativante e inspirador, ensinou a essência do jornalismo

Dirceu Fernandes Lopes levou sensibilidade e o olhar de repórter à sala de aula

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São Paulo

Quando o santista Dirceu Fernandes Lopes adentrava a sala de aula, carregava consigo a realidade do que é ser um jornalista.

Exigente, mas cativante, ia muito além dos livros e das apostilas.

Com a riqueza da experiência que lhe era peculiar, Dirceu fazia de cada encontro uma oportunidade para apresentar a profissão aos alunos. Ia da sensibilidade do olhar do repórter às qualidades de uma boa pauta, por exemplo.

Nas aulas, reafirmava o amor pela profissão. Por muitas vezes, colocava seus alunos no único lugar onde o repórter deve estar: na rua, ao lado dos fatos. Reclamava de textos ruins e de histórias mal contadas. Ensinava a escrever sob pressão e a ser ético no jornalismo.

Dirceu Fernandes Lopes (1940-2021)
Dirceu Fernandes Lopes (1940-2021) - Arquivo pessoal

Dirceu cursou técnico em contabilidade, mas trocou a exatidão dos números pela possibilidade de transformar palavras em notícias. Optou pelo jornalismo. Formou-se na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Santos.

Depois, fez mestrado e doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, e chegou a professor doutor e aposentou-se na mesma universidade. Lecionou também na Universidade Católica de Santos.

Dirceu formou gerações de profissionais e serviu como inspiração a todos. Encantou alunos, leitores e todos os que cruzaram seu caminho.

Como jornalista, atuou no jornal Cidade de Santos (já extinto) e no A Tribuna, entre outros. Ganhou prêmios por grandes reportagens. É autor de livros e artigos sobre jornalismo.

"Meu pai não ligava para títulos e homenagens. Era um homem caridoso, que não se preocupava com questões materiais. Ajudou as pessoas. Encaminhou a vida pessoal e profissional de muita gente. Ele era daqueles professores que agradava a maioria e tinha o respeito dos alunos", afirma o filho Diogo Dias Fernandes Lopes.

Dirceu morreu dia 22 de dezembro, aos 81 anos. Ele enfrentava complicações de saúde após um AVC sofrido anos atrás. Deixa a esposa Terezinha Fátima Tagé Dias Fernandes, também professora de jornalismo, e o filho Diogo.

Nas inúmeras homenagens que circulam pela internet não faltam citações sobre sua intensidade, a simplicidade e objetividade com as quais apresentou o jornalismo.

O jornalista, cientista político, colunista do UOL e professor, Leonardo Sakamoto, despediu-se de Dirceu com uma mensagem.

"Ele foi uma das pessoas mais importantes na minha formação como repórter e na de outros tantos colegas, empurrando os alunos de jornalismo para a rua —que é onde a vida acontece. A tonelada de conselhos que me deu, então um moleque com 21 anos que estava indo cobrir a guerra em Timor Leste, são úteis até hoje. Tento, agora, passar parte desses ensinamentos aos meus alunos de jornalismo. Dirceu vai fazer falta. Mas taí uma pessoa que combateu o bom combate, terminou a corrida, guardou sua fé", escreveu.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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Erramos: o texto foi alterado

O nome de Terezinha Fátima Tagé Dias Fernandes havia sido grafado incorretamente. O texto foi corrigido. 

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