Mortes: Educador, usava a gentileza para testar conhecimentos

Ciro estudou e lecionou história em cursinhos

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São Paulo

O estímulo para tornar-se um educador nasceu em casa. Natural de Matão (a 305 km de SP), Ciro de Moura Ramos era o mais velho entre seis filhos de um diretor escolar com uma professora.

Desde cedo interessou-se por história, geografia e conhecimentos gerais. De acordo com a bióloga Alice Ramos de Moraes, 39, sua sobrinha, aos nove anos Ciro se correspondia em francês com pessoas de vários países para conseguir selos. E formou uma coleção com milhares deles. Além de selos, colecionava livros e discos.

Ciro cursou história na USP, disciplina que lecionou no curso Objetivo desde meados da década de 1970. Autor de vários livros sobre história, tornou-se especialista em Segunda Guerra Mundial.

Ciro de Moura Ramos (1939-2021) e as filhas Tatiana (esquerda) e Viviana (direita)
Ciro de Moura Ramos (1939-2021) e as filhas Tatiana (esquerda) e Viviana (direita) - Arquivo pessoal

Até chegar ao Objetivo, segundo Alice contou, Ciro trabalhou na editora Abril, na Assembleia Legislativa de São Paulo e em alguns cursinhos preparatórios.

Como professor, Ciro impactou positivamente a vida de gerações de alunos com quem compartilhou parte de seus conhecimentos.

Simpático, educado e gentil, gostava de contar causos de Bananal, terra de seu pai, Cyro Guedes Ramos, e agregava a eles conteúdo didático de alguma disciplina.

Ciro gostava de testar os conhecimentos gerais das sobrinhas com perguntas difíceis. Aproveitava os almoços em família, tornando-os mais prazerosos. Nos acertos, elogiava com palavras e sorriso; nos erros, usava da gentileza —que não era pouca— para os esclarecimentos.

Um descolamento das retinas fez com que perdesse a visão de forma gradual, fato que encarava com certo humor perante os alunos. Deu aulas e palestras até por volta dos 80 anos de idade.

Mesmo com a visão comprometida, mantinha a elegância ao combinar meias, calça, camisa e sapatos.

"Ele criou um sistema para guardar as roupas no armário, por cores, e não errava as combinações porque sabia onde as peças estavam guardadas. Nunca errou", diz Alice.

Ciro morreu dia 4 de dezembro, 15 dias antes de completar 82 anos, por complicações decorrentes de uma queda causada por uma fratura no quadril. Deixa a esposa, duas filhas, quatro netos, uma bisneta e quatro irmãos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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