Paloma Pissinati, 31, era a primeira a chegar e a última a sair do trabalho. Essa dedicação a ajudou a realizar em 2021 seu sonho de se tornar secretária de Saúde do município paranaense de Rolândia, na região metropolitana de Londrina.
Enfermeira, foi convidada pelo prefeito Ailton Maistro (PSDB) assim que ele assumiu a cadeira. Já era funcionária concursada da pasta havia cerca de cinco anos, dois deles na linha de frente e o restante como coordenadora da atenção primária.
Foi criada numa cidade mais afastada na mesma região, Sertanópolis, hoje com 16 mil habitantes, onde conheceu o primeiro namorado ainda aos 15 anos. Nessa época começou a passear ao redor do lago com Henrique Pissinati, que hoje tem 35.
Nunca mais deixaram de caminhar. Percorriam 8 km a 10 km todos os dias depois de se mudarem para Londrina, muitas vezes das 20h às 22h para encaixar nos horários apertados de Paloma. Só pararam durante a pandemia, quando a crise da saúde lhe retirou todo o tempo livre.
"Ela sempre foi estudiosa, era a melhor aluna. Em tudo que fazia era nota dez", lembra o marido, que abriu uma panificadora enquanto ela concluía graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado nas universidades estaduais de Londrina e Maringá.
A parceria se estendia também nas viagens que faziam todo ano, passando por Goiânia, São Paulo, Gramado e Porto Alegre, além das praias que o casal tanto amava. Nunca se desgrudavam, nem nos congressos, nos quais ele ia atrás.
Iam ainda todos os domingos à igreja, onde ela pedia proteção contra os perigos e forças do mal a são Miguel Arcanjo. O próximo passo da dupla era o primeiro filho: "A gente estava planejando para o ano que vem, não deu tempo", lamenta Henrique.
Paloma teve uma parada cardíaca na manhã do último dia 22. Foi levada ao pronto socorro do Hospital Universitário de Londrina, onde os médicos descobriram uma tromboembolia pulmonar aguda. Ela morreu três dias depois.
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