Mortes: Produtora e diretora, era apaixonada pela vida e pelas imagens

Vera Regina Roquette-Pinto era neta de Edgard Roquette-Pinto, pioneiro da radiodifusão no Brasil

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Hélio Guimarães
São Paulo

"Amigos são aqueles que te ajudam a viver." A frase, que gostava de repetir, dá a medida da importância dos afetos para Vera Roquette-Pinto. "Ela fazia de cada amizade uma família", disse o filho Bernard na cerimônia de despedida.

Nascida no Rio de Janeiro em 1933, estudou e casou-se na França na década de 1950, voltou ao Rio de Janeiro em 1958 e, em 1961, radicou-se em São Paulo.

Do avô paterno Edgard Roquette-Pinto, pioneiro da radiodifusão no Brasil, guardou o amor profundo pelo país, traduzido no interesse genuíno pelas pessoas, pela cultura e pela educação, além da curiosidade pelas novas tecnologias.

Vera Regina Roquette-Pinto (1933-2021)
Vera Regina Roquette-Pinto (1933-2021) - Arquivo Pessoal


Formou-se na primeira turma de rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP) em 1970.

Durante 23 anos trabalhou na TV Cultura, onde produziu teleteatros, musicais e programas infantis. No "Canal 2", como dizia carinhosamente, dirigiu o núcleo de documentários no início dos anos 1990.

Para o cinema, produziu "Asa Branca: Um Sonho Brasileiro" (1980) e "Brasa Adormecida" (1987), dirigidos pelo cineasta e amigo Djalma Limongi Batista, com quem compartilhou o amor pela arte e que a rebatizou de Doll, apelido adotado pelos mais próximos.

Avessa às atividades físicas, adorava ver TV e ir ao cinema, ler jornal e jogar paciência. Mas, quando tinha uma câmera na mão (sempre tinha um modelo bacana), era um azougue: movimentava-se com agilidade, olhos atentos a tudo, falava alto, vibrava.

Sua última atuação na TV foi na frente das câmeras. Aos 71, estreou e fez sucesso como repórter no programa Tudo a Ver, apresentado por Paulo Henrique Amorim. No quadro "Ser feliz não tem idade", tratou da velhice com alegria e espírito aberto, marcas da sua personalidade.

Em sua casa, sempre de portas abertas, durante décadas amigos de várias gerações conviveram com Wanda, sua fiel escudeira, os filhos Bertrand, Bernard, Eduardo (Duda) e Beatriz (Bia), as noras Sylvia e Sandra, o genro Christopher, e os netos Gabriel, Stefan, Alexandre, Florença, Clara, Alice e Ana. Para Vera, família e amizade eram mesmo uma coisa só.

"Minha avó, que era uma montanha, foi aos poucos se transformando em areia. Foi indo aos poucos para a gente ir se acostumando", escreveu Florença sobre a despedida lenta, longa e leve.

Vera morreu em casa no final da tarde de 17 de dezembro, cinco dias antes de completar 88 anos. "Morreu tranquila, parecia passarinho", conta Bia, sua filha.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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