Mortes: Tocou vidas com a educação, cantou com Elis e ditou moda

Professora de português, Maria Ângela tinha talento para a música e a moda

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Além do amor entre eles, a moda também era outro fator que explicava a forte ligação entre Maria Ângela Souza Ribeiro e seu pai, Naor de Souza, desenhista de sapatos e dono de uma fábrica de calçados.

"Criavam muitas coisas juntos. Minha mãe dava a ideia e ele produzia", conta a jornalista Veridiana Ribeiro, 40, sua filha.

Natural de Ribeirão Preto (a 313 km de SP), Maria Ângela era a segunda de quatro filhos —a família é descendente de negros e portugueses pelo lado do pai, e de italianos, pelo da mãe.

Maria Ângela Souza Ribeiro (1950-2021)
Maria Ângela Souza Ribeiro (1950-2021) - Arquivo pessoal

Por volta dos 12 anos, começou a ajudar a mãe, Ofélia Carneiro da Cunha, na loja de armarinhos de propriedade da família.

Seu poder criativo para a moda encantou até o estilista Clodovil Hernandes (1937-2009). Quando jovem, Ângela, como a chamavam, frequentava os bailes na Sociedade Recreativa de Ribeirão Preto. Em um deles, usou um sarongue que desenhou e mandou produzir. Clodovil estava no evento e a parou no meio da festa para dizer que havia amado a peça.

Fã de MPB, Ângela tocava violão e piano, era excelente cantora e sua voz parecia com a da Nara Leão (1942-1989), uma das artistas que admirava.

"A cidade tinha um bar onde grandes cantores da MPB iam se apresentar. Quando Elis esteve no local, minha mãe teve a oportunidade de conversar com ela por telefone. Até cantaram um trecho de uma música juntas", diz Veridiana.

Ângela dedicou-se muito ao trabalho e estudo. Como se casou durante a faculdade, cursou letras no Centro Universitário Barão de Mauá e na Unesp de Marília (a 435 km de SP).

Cuidadosa no uso das preposições e pronomes, sempre foi professora de português. Deu aula no ensino fundamental, médio e universitário em épocas diferentes da vida.

Separou-se do marido quando os filhos eram pequenos e os criou sozinha, segundo Veridiana. Mesmo rígida na educação das crianças, foi uma mãe carinhosa.

"Ela foi uma mulher forte, resiliente, disciplinada, guerreira delicada e doce. Nunca perdeu a ternura. Querida pelos alunos, minha mãe tocou a vida de muitas pessoas através da profissão", afirma a filha.

Maria Ângela aposentou-se pouco antes da pandemia de Covid. Ela morreu dia 28 de novembro, aos 71 anos, por complicações de uma infecção hospitalar. Divorciada, deixa três filhos e um neto.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.