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Estiagem seca maior cachoeira de MS e faz governo decretar emergência

PR e diversos municípios de SC e RS já tomaram a mesma medida; centro-sul do país sofre impacto do La Niña

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Campo Grande

A estiagem provocada pelo fenômeno La Niña secou uma das principais atrações turísticas de Mato Grosso do Sul e levou o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) a decretar estado de emergência em todo o estado. A medida abre caminho para sojicultores acionar o seguro e renegociar dívidas.

O decreto entra em vigor nesta terça-feira (4) e foi anunciado após reunião de Azambuja com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS) e a Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja).

No Paraná, o governador Ratinho Jr. (PSD) já havia declarado situação de emergência na semana passada. A estimativa oficial é de prejuízos de cerca de R$ 17 bilhões nas lavouras do estado por causa da chuva escassa.

A cachoeira Boca da Onça, a mais alta de Mato Grosso do Sul, como era antes e a situação atual, sem água devido à seca em pleno período de chuvas
A cachoeira Boca da Onça, a mais alta de Mato Grosso do Sul, como era antes e a situação atual, sem água devido à seca em pleno período de chuvas - Prefeitura de Bodoquena/Divulgação e Camila Jara - 21.dez.21/Reprodução

Procurada, a Famasul não respondeu até a publicação deste texto sobre o tamanho do impacto da estiagem no setor agropecuário de Mato Grosso do Sul. O governo estadual tampouco divulgou uma estimativa.

Além dos dois estados, cerca de cem municípios do Rio Grande do Sul e ao menos um município de Santa Catarina (Joaçaba) recorreram à mesma medida.

Na tarde desta segunda-feira (3), secretários de Agricultura e do Meio Ambiente dos três estados do Sul e de Mato Grosso do Sul realizaram uma reunião virtual para discutir a estiagem.

No município de Bodoquena (303 km a oeste de Campo Grande), a cachoeira Boca da Onça, a mais alta de Mato Grosso do Sul (156 metros), ficou sem água com a seca nas últimas semanas, frustrando turistas que visitam a região de Bonito.

"Estivemos na Boca da Onça ontem, e a cachoeira estava seca. Não foi possível conhecer a Janela do Céu [piscina natural] também pelo mesmo motivo", escreveu a turista Maria Angélica dos Santos, no Instagram, no último final de semana.

Cachoeira da Boca da Onça em 2018, já com o volume de água abaixo do normal
Cachoeira da Boca da Onça em 2018, já com o volume de água abaixo do normal - Marcio Cabral - 29.jan.18/Reprodução

Sócio de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) vizinha à cachoeira, o jornalista Gerson Jara afirma que é a primeira vez que a Boca da Onça fica seca no período de chuvas ao longo dos 20 anos que frequenta a região.

Para ele, além da estiagem, o avanço da agricultura em larga escala, principalmente soja e milho, provocou o aumento no desmatamento, impactando os cursos d’água.

"Algumas fazendas não têm a preocupação de preservar mananciais. O fluxo vem caindo ano a ano e agora secou. Isso está deixando a gente preocupado", afirmou.

Via assessoria de imprensa, o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) informou que são necessários estudos hidrológicos mais aprofundados para determinar o motivo da diminuição no fluxo da água.

De acordo com a meteorologista Valesca Fernandes, do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS), a seca em pleno período de chuva é resultado da atuação de massas de ar seco e quente e do fenômeno La Niña, que resfria as águas do Pacífico, provocando chuvas abaixo da média em boa parte do Sul e nas regiões sul e sudeste de Mato Grosso do Sul.

Outra parte da cachoeira Boca da Onça com seu fluxo normal de água
Outra parte da cachoeira Boca da Onça com seu fluxo normal de água - Prefeitura de Bodoquena/Divulgação

Fernandes afirma que as chuvas abaixo da média nos meses de novembro e dezembro podem se prolongar ao longo do primeiro trimestre de 2022, devido ao La Niña, que, por outro lado, provocou enchentes históricas na Bahia.

A boa notícia é que, no Pantanal, que registrou o pior incêndio da história em 2020 e acumula três anos sem registro do ciclo de cheia, as chuvas devem ficar dentro da média no primeiro trimestre, segundo a metereologista do Cemtec.

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