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Faixa Azul para motos na 23 de Maio entra em operação nesta terça

CET espera reduzir em 30% o número de acidentes na avenida da capital paulista

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São Paulo

A Faixa Azul para motos entra oficialmente em operação nesta terça-feira (25), na pista sentido bairro da avenida 23 de Maio, na capital paulista. A intenção da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) é reduzir em até 30% o número de acidentes envolvendo as motocicletas na via.

Quem passou pela 23 de Maio nos últimos dias já deve ter notado a mudança, com a instalação parcial da motofaixa, que terá cerca de 5,5 km de extensão, na pista em direção ao bairro, entre a praça da Bandeira, na região central, e o complexo viário João Jor ge Saad, o Cebolinha, na altura do parque Ibirapuera, na zona sul. São 90 centímetros de largura entre a primeira e a segunda faixa à esquerda, a partir do canteiro central.

Segundo a prefeitura, sob a gestão de Ricardo Nunes (MDB), os motociclistas já costumam usar o espaço entre essas duas faixas para trafegar. Apesar da indicação, a motofaixa não é exclusiva e nem obrigatória.

Motofaixa da avenida 23 de Maio, que começa a funcionar oficialmente nesta terça (25) - Danilo Verpa/Folhapress

No mesmo dia em que foi anunciada, há duas semanas, a faixa para motos virou alvo de críticas de parte dos especialistas em trânsito. "É assustador a prefeitura tomar uma medida na contramão de todas as políticas de segurança do trânsito que estão em avanço no mundo e contra dados da própria CET, que já mostraram que aumentar a velocidade dos motociclistas aumenta as ocorrências", afirmou na ocasião Rafael Calábria, do setor de mobilidade do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor).

As motofaixas não são novidade no trânsito da capital paulista e, no passado, acabaram desativadas por terem efeito contrário ao pretendido. Em 2006, durante a gestão Gilberto Kassab, uma delas foi instalada na avenida Sumaré, mas os acidentes passaram de 11 para 27 (145% de aumento). Os atropelamentos pularam de 12 para 16 (33% a mais).

A experiência foi repetida em 2010 na rua Vergueiro e na avenida Liberdade, novamente sem que fosse atingido o objetivo esperado.

Em 2018, um documento da própria CET sustentou, com uma série de dados, que "as faixas exclusivas para a circulação de motocicletas já foram testadas e não apresentaram o resultado esperado".

A motofaixa que entra em operação nesta terça na 23 de Maio tem algumas características diferentes das anteriores e, até por isso, a esperança da CET é que o resultado seja outro. Os 90 centímetros de largura, por exemplo, são considerados estreitos o suficiente para evitar ultrapassagens entre os motociclistas.

"Preciso que as motos andem de forma ordenada dentro da velocidade da via. Se faço algo muito aberto, muito exclusivo, vira pista de corrida", afirmou o diretor de projeto e planejamento da CET, Luiz Fernando Romano Devico, durante a apresentação da Faixa Azul, no dia 10 deste mês.

Outro detalhe é que a faixa não está mais colada ao canteiro, como as outras. De certa forma, a CET "oficializou" o lugar por onde a maioria dos motociclistas já circula, entre duas faixas de carros, o que possibilita escapar por qualquer um dos lados, se necessário.

Nem todos os especialistas em trânsito criticaram a adoção da motofaixa. No dia do lançamento, Sérgio Ejzenberg afirmou que é uma experiência que organiza uma "situação real e perigosa". "Acredito que, se for bem sinalizada e se houver fiscalização de velocidade das motos nessa faixa, poderá funcionar bem", disse.

O projeto da Faixa Azul na 23 de Maio é uma tentativa da prefeitura de reduzir o número crescente de acidentes envolvendo motos na capital. A projeção da CET aponta para 394 motociclistas mortos em 2021, maior número desde 2014 (440).

A 23 de Maio está entre as quatro vias com maior número de motos em circulação na cidade. Segundo a CET, são 2.038 por hora, no pico, atrás apenas das marginais Pinheiros e Tietê e da Radial Leste. Levantamento da companhia aponta ainda que 78% dos acidentes na avenida envolvem motocicletas.

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