Magui gostava de brincar com bonecas e de ensinar os irmãos a ler. Dedicada, era a terceira entre 12 filhos do engenheiro e físico Paulus Aulus Pompéia, professor emérito do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, que ajudou a fundar, com a dona de casa Wanda Mattos Pimenta Pompéia, formada em assistência social.
O apelido carinhoso escondia seu nome real, Margarida. No universo das analogias e metáforas, cabia a comparação com a flor.
Pelo sorriso, sempre presente no semblante, percebia-se o quanto era calma, acolhedora e simpática. Magui era uma fonte de palavras gentis e estava sempre bem.
"Ela tinha carinho pelas pessoas e dedicou a vida a elas. Era dona de uma bondade ativa e não só de ir à igreja rezar", diz André Sturm, cineasta e diretor do cinema Petra Belas Artes, da capital paulista.
Magui era prima de segundo grau de André, mas no coração do cineasta ela representava uma tia adocicada.
"Quando eu fiz o meu primeiro curta, ela emprestou o apartamento em que morava com a família para eu filmar, numa época em que ainda filmávamos com película", lembra.
"Na última cena, em que arrombava a porta do apartamento, os dois atores optaram por algo realista e meteram o pé na porta. Nunca vou esquecer o que ela disse: 'O importante é que a cena ficou boa, depois eu passo um paninho'. Essa era a tia Magui."
Magui estudou psicologia na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo. O trabalho como psicóloga na Aldeia Infantil SOS Rio Bonito, na região de Interlagos (zona sul da capital paulista), foi emblemático.
"Ela se dedicou às crianças e foi uma espécie de mãe para a garotada", afirma a consultora nas áreas de comunicação e educação, Sílvia Maria Pompéia, 75, sua irmã.
"A Magui começou a perceber um alto índice de reprovação nas escolas públicas no entorno da Aldeia e criou uma forma de ensinar que despertou o interesse dos alunos, formou professores e depois a Associação Labor Educacional", relata Sílvia.
Além de psicóloga, Magui ajudou na formação de professores e foi autora de contos e livros, a maior parte no segmento infantojuvenil, segundo Sílvia.
"Educação – Fascínio e Responsabilidade" (2021), "Contos de Natal" (2014) e "A Vida de José de Anchieta para Crianças" (2014) são algumas obras listadas no site Clube de Autores.
Nos últimos dois anos, Magui desenvolveu uma doença nos nervos motores e piorou gradativamente.
Ela morreu em 5 de janeiro, aos 77 anos. Viúva, deixa quatro filhos, netos, nove irmãos e sobrinhos.
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