Mortes: Progressista, sonhava com um mundo melhor e mais justo

Durante a ditadura militar, Luiz Claudio de Moraes Pinheiro ajudou a criar jornais alternativos

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São Paulo

Luiz Claudio de Moraes Pinheiro era um jornalista com ideias progressistas e que sonhava com um mundo melhor. Na juventude, durante a ditadura militar, participou do movimento estudantil e ajudou a criar jornais alternativos.

"Ele sempre teve uma visão extremamente progressista e utopista, sonhando sempre com um mundo melhor para todo mundo, mais justo, com mais distribuição de renda, com mais justiça social", afirma a viúva Aline Aguiar, com quem ele foi casado por 20 anos.

Imagem em primeiro plano mostra homem de óculos, cabelo e braba grisalhos, sério e posando para a foto
Luiz Claudio de Moraes Pinheiro (1953-2022) - Arquivo pessoal

Nascido no Rio de Janeiro, aos seis anos de idade se mudou com a família para Brasília e, na cidade, permaneceu até o fim da vida.

Na juventude, época em que o país vivia a ditadura militar, estudou jornalismo na UnB (Universidade de Brasília). Ali, com outros estudantes, ajudou a criar um projeto de imprensa alternativa que deu origem aos jornais A Tribo e Cidade Livre.

"Luiz Claudio —o Fafai [como era chamado pelos amigos de longa data]— foi meu amigo nos anos 1968-70, quando a gente estudava no Centro Integrado de Ensino Médio (Brasília)", afirma o escritor Milton Hatoum.

"Fafai foi um grande companheiro naquele período brutesco da ditadura. Jogávamos futebol na quadra do campus da UnB, participávamos do movimento estudantil e de grupos de leitura e de teatro no colégio. Ele era tão amável quanto discreto e um dos leitores mais argutos e inteligentes da nossa turma. Algo desse nosso convívio inspirou um dos personagens do romance ‘A Noite da Espera’. Passei décadas sem vê-lo. A gente se reencontrou em 2017, quando lancei meu romance na UnB", completa o escritor.

Outro amigo de longa data foi o cineasta Aurélio Michiles, com quem nos anos 1970 fez uma longa viagem pela América do Sul.

"Em 1973, dentro da UnB, estávamos muito insatisfeitos com aquele ambiente opressivo, não tinha liberdade para fazer nada. A ditadura estava muito violenta, matando, prendendo e silenciando as pessoas. [Então] um grupo de amigos se reuniu e decidiu conhecer a América do Sul, de carona", lembra Aurélio.

A viagem, que durou cerca de cinco meses, foi uma grande descoberta e um exercício de liberdade, segundo Aurélio. "O que eu mais guardo do Luiz Claudio foi esse momento. Essa foi a nossa grande aventura de juventude", completa.

Profissionalmente, Luiz Claudio trabalhou em jornais, entre os quais o Jornal do Brasil. Seu último emprego foi na Câmara dos Deputados.

No último dia 13, o jornalista morreu, aos 68 anos, de câncer. Ele deixa a mulher, quatro filhos e uma irmã.

​​coluna.obituario@grupofolha.com.br

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