Faz mais de um mês que a Polícia Civil identificou o motociclista de Osasco, na Grande São Paulo, que aparece em um vídeo apanhando de criminosos do PCC após ter desrespeitado o aviso feito em faixas de que manobras de motocicleta estavam proibidas na periferia. Até agora, porém, o rapaz tem fugido das intimações para falar sobre o caso.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou nesta sexta (28) que o 7º Distrito Policial de Osasco instaurou um inquérito para apurar a agressão e conseguiu descobrir o nome e endereço do rapaz.
"A vítima foi identificada e intimada a prestar depoimento, mas, até o momento, não compareceu. A equipe de investigação da unidade realiza diligências para esclarecer todas as circunstâncias do fato", diz a SSP na nota.
Segundo policiais ouvidos pela Folha, os policiais chegaram a conversar com a mãe do rapaz, mas ela informou que o filho está sumido desde a repercussão do vídeo, justamente com medo de ser encontrado pela polícia e falar do caso.
Para os policiais, o receio do rapaz pode ser decorrente de uma nova represália por parte dos criminosos.
Conforme a Folha mostrou, no final do ano passado o motoqueiro gravou um vídeo de 48 segundos para orientar colegas motorizados sobre a importância do respeito às faixas de trânsito colocadas pela facção criminosa em regiões de São Paulo com os seguintes dizeres: "Proibido tirar de giro e chamar no grau. Sujeito a cacete. Não aceitamos isso na nossa comunidade".
Nas periferias, o termo "tirar de giro" refere-se a um ato realizado por motociclistas que provoca uma espécie de explosão do escapamento, causando barulho semelhante a disparos de arma de fogo. Já "chamar no grau", por sua vez, é empinar a roda da frente da moto.
"Quero dizer que essas faixas são, sim, para serem respeitadas, entendeu, mano? Quem está colocando é a comunidade, é o crime, em prol da população", disse o rapaz, fazendo, segundo ele mesmo, uma retratação de uma postagem anterior em que aparece "tirando de giro" e desrespeitando uma dessas faixas.
A gravação é acompanhada por homens desconhecidos e, diante deles, o motociclista explica a ordem do crime: "Devido à molecada tirando giro, tirando um barato do pessoal, empinando, [isso] coloca em risco a criançada e idosos" e incomoda "trabalhador que não consegue dormir".
Sob ameaça de criminosos, ele finaliza dizendo que está postando o vídeo para dar exemplo. "Porque quem vier a fazer isso daí vai ser pego para exemplo, como eu estou sendo", diz ele. Em seguida, é espancado por um homem com chutes, socos e cotoveladas.
A Folha apurou que em praticamente todas as regiões de São Paulo essas faixas foram vistas, inclusive em vias importantes de acesso a grandes favelas, como Heliópolis, na zona sul da capital.
Leitores da Folha também enviaram mensagens indicando a presença dessas faixas, como no Jardim Mitsutani, zona sul, e no litoral paulista.
O caso vem sendo investigado pela Polícia Civil, que quer descobrir quem colocou as faixas. Em alguns pontos, esses avisos visuais foram removidos por ordem da polícia.
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