Descrição de chapéu Alalaô

Carnaval no Jockey Club tem ingresso na porta a R$ 1.500 e foliões com strass

Evento com shows de Thiaguinho e Zé Vaqueiro reuniu 7.000 neste sábado (26) em São Paulo

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São Paulo

Em uma mão, o folião segura o copo de drinque repleto de gelo. No corpo, o brilho aparece em forma de glittler, nas saias de strass ou ombreiras de paetê. Nos olhos, óculos escuros têm as lentes com frases escritas em brancos, como "o pai tá on" ou "kiss me".

A cena se passa no Carnaval na Cidade, que acontece até terça-feira (29), no Jockey Club, e é um dos maiores eventos carnavalescos na capital paulista. O local vai reunir ao longo dos dias nomes como Dennis DJ, Alok, Ludmilla e Anitta.

Neste sábado (26), endinheirados dispostos a desembolsar até R$ 1.500, valor do ingresso para quem deixou para comprar na porta, assistiram a shows de Thiaguinho, Pedro Sampaio e Zé Vaqueiro.

Foliões aproveitam evento fechado de Carnaval no Jockey Club de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

Com abadás rosa e glitter por todo lado, cerca de 7.000 foliões despreocupados com a pandemia e animados com a festa dançaram ao som das apresentações.

Com Thiaguinho, o público cantou os sucessos e arriscou alguns passos de pagode ao som de "Energia Surreal", "Desencana" e "Pé na Areia". Já Pedro Sampaio fez os presentes rebolarem ao som de hits pop como "I Gotta Feeling" e "The Rhythm of the Night".

No segundo ano em que o Brasil ainda enfrenta a Covid-19, a festa mais popular do país ficou restrita a lugares fechados. Ou seja, a quem pode pagar. Enquanto fervos e aglomerações nas ruas estão proibidos, em lugares fechados a capacidade é limitada. As regras são as mesmas vistas nos últimos meses em outros eventos, como obrigatoriedade do comprovante de duas doses da vacina, utilização de 70% da capacidade dos espaços e uso de máscara fora dos momentos de consumo de bebidas ou alimentos.

"É um momento muito importante para o mercado de entretenimento. O Carnaval na Cidade marca um recomeço, uma importante e segura retomada do setor. Nosso evento seguirá todos os protocolos do decreto da cidade", diz Guilherme Teixeira, um dos sócio da agência Fishfire.

No início da tarde, a reportagem acompanhou a entrada dos foliões e viu que o certificado de vacina foi solicitado.

No entanto, durante o evento, ninguém que dançava na pista estava com o equipamento de segurança. Nos banheiros, funcionários na porta distribuíram máscaras para foliões antes deles entrarem. Além disso, a reportagem viu diversos funcionários na pista, com caixas de máscaras, solicitando ao público que utilizasse a proteção.

Procurado, o evento afirma que os foliões sem máscara na pista estavam sem o equipamento apenas enquanto bebiam.

Entre os presentes reinam opiniões diferentes sobre as restrições sanitárias. De um lado, há quem prefira o evento fechado e relate que desta forma "o público é mais selecionado". É o caso da mineira Larissa Araújo, que curtia os shows com os amigos.

Também tem quem se sinta mais seguro e confortável para apostar em adereços mais ousados. Maísa Faggion usava um biquíni de strass e disse que, se estivesse curtindo o feriado em blocos de rua, a fantasia seria outra.

De outro lado, alguns foliões reclamam que o Carnaval, que antes era uma festa de rua, tenha sido "privatizado". E também classifiquem que as medidas sanitárias não sirvam, de fato, para conter a pandemia, já que dentro do evento a máscara é ignorada.

Amigas e médicas Isaura Knob e Fernanda Lopes dizem que se trata de uma hipocrisia. "Qual a diferença disso aqui para um bloco de rua? Nenhuma. Ou libera para ninguém ou libera para todo mundo. Eu acho que isso é não democrático", diz Lopes.

Elas, que trabalham na linha de frente da Covid, lembram dos piores meses da pandemia em que perderam diversos pacientes para o vírus e que agora sentem que a situação está mais controlada. "Dar a notícia de cinco óbitos por plantão é muito pesado, ver que a vacinação deu certo e os números estão controlados dá um alívio", dizem elas.

professora Carla Crispim e seu marido Fernando Nascimento vieram de Brasília para curtir o Carnaval em São Paulo. Fãs da folia, eles já curtiram o feriado nas cidades mais animadas do país e concordam que apesar do evento fechado ter sido animado, não é o mesmo que blocos de rua.

"Carnaval é uma festa popular e de rua que os ricos se apropriaram", diz Crispim. Apesar das críticas, ela e marido admitem que se divertiram ao som de Thiaguinho e Pedro Sampaio. Nos próximos dias, o casal segue em busca de blocos em São Paulo, seja em bares ou clandestinos nas ruas.

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