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Comitê científico do Nordeste pede proibição de festas privadas no Carnaval

Cientistas propõem também o cancelamento de feriado em razão da alta de casos da Covid

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Recife

O Comitê Científico do Consórcio Nordeste emitiu um parecer técnico, nesta quinta-feira (03), em que recomenda a proibição de festas privadas de Carnaval.

Além disso, o colegiado propõe o cancelamento dos feriados no período da folia —em alguns estados a data é ponto facultativo apenas— e a ampliação das campanhas de vacinação contra a Covid-19.

Em 2022, o Carnaval está previsto para acontecer de 26 de fevereiro (sábado) a 1º de março (terça-feira).

Os municípios de Recife, Olinda e Salvador, principais polos da folia no Nordeste, já cancelaram as festas públicas carnavalescas. No caso de Pernambuco, a decisão sobre a realização ou não de eventos privados no período caberá ao governo do estado e a expectativa é que isso aconteça até 15 de fevereiro.

Na Bahia, o governo estadual reduziu a capacidade de eventos de 5.000 para 1.500 pessoas, o que provocou cancelamento de parte das festas, mas não há uma posição sobre a proibição total deste tipo de evento.

A Prefeitura de Salvador também não decidiu se vai aguardar uma decisão do estado ou se vai impor alguma restrição por conta própria.

Festa privada de carnaval em camarote de Salvador em 2020 - Sercio Freitas/Divulgação

O parecer do consórcio afirma que a ômicron é quatro vezes mais transmissível que a delta, e atribui o menor número de mortes atual pelo "fato de grande parcela da população já estar vacinada, o que faz com que os números de hospitalizações e mortes sejam menores que os das ondas anteriores".

"No momento, é impossível prever com segurança quando o novo pico será alcançado e qual será a duração da nova onda", diz trecho do parecer.

Para os cientistas do consórcio, a manutenção dos feriados de Carnaval "poderá se constituir num estímulo para a população ir às ruas, promovendo aglomerações, o que poderá resultar no agravamento do quadro da pandemia".

Quanto à proibição das festas privadas e de shows que possam gerar aglomerações, o comitê afirma que esses eventos "intensificariam a transmissão do vírus, como ocorreu no Réveillon, e resultariam no prolongamento da terceira onda no Brasil".

"O comitê científico tem clareza sobre as dificuldades políticas e os prejuízos econômicos decorrentes desta medida. Porém, o mais importante no momento é salvar vidas. E vidas não têm preço. Naturalmente, após o término da pandemia, novos feriados extraordinários poderiam ser criados pelos governos", diz o comitê.

OLINDA, PE , 25-02-2020 - Grupo Sambadeiras desfila em ladeiras de Olinda nesta terça-feira (25). (Foto: Wilfred Gadêlha/Folhapress)
Grupo Sambadeiras desfila nas ladeiras de Olinda - Wilfred Gadêlha - 25.fev.20/Folhapress

Em dezembro, o comitê científico recomendou aos governadores e prefeitos o cancelamento das festividades públicas de final do ano e do Carnaval, alertando que a ômicron poderia causar um aumento na transmissão do vírus e provocar uma nova onda da pandemia.

Levantamento da Folha divulgado na terça-feira (1º) mostrou que quatro estados do Nordeste enfrentam uma situação crítica na ocupação de leitos de terapia intensiva. O mais grave é Pernambuco, onde os leitos de UTI chegaram a 88% de ocupação na segunda. No mesmo dia da semana anterior, o percentual era de 80%.

No dia 28 de janeiro, o Governo de Pernambuco proibiu os profissionais da saúde pública estadual de tirarem férias durante 60 dias, até o final de março, por causa da variante ômicron.

Ainda assim, o governo manteve até 15 de fevereiro a liberação para festas privadas com até 3.000 pessoas em espaços abertos e até mil pessoas em espaços fechados.

No Piauí, a taxa de ocupação chegou a 87%, superando o total registrado há uma semana, que já era alto, de 82%. Também estão em situação crítica os estados do Rio Grande do Norte e Ceará. No último, 81% dos 374 leitos de UTI para adultos estavam ocupados na segunda, de acordo com a secretaria estadual da saúde.

No Rio Grande do Norte, são 106 leitos de terapia intensiva ocupados e 21 disponíveis, uma ocupação de 83%. Por outro lado, a situação nas UTIs pediátricas arrefeceu com a expansão do número de leitos, e a ocupação caiu para 62%.

Os especialistas do comitê científico orientam os governos estaduais e os prefeitos a intensificarem as campanhas de vacinação contra a Covid-19 e justificaram que, mesmo com cerca de 70% da população brasileira completamente imunizada, o percentual "ainda não é suficiente para assegurar um cenário de tranquilidade e estabilidade".

A recomendação é que a rede de saúde da família do SUS (Sistema Único de Saúde) e os agentes comunitários sejam direcionados para participar da busca por não vacinados ou pelos que não receberam a segunda dose da vacina.

Outras medidas foram recomendadas, como a aplicação da vacina nas escolas para crianças e adolescentes e a implantação de pontos de imunização em locais de grande circulação, além do estímulo e da obrigatoriedade do uso das máscaras de proteção facial.

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