Diretor do Ipen é exonerado, e associação diz que governo desrespeitou convênio com SP

Segundo SBPC, exoneração de Wilson Aparecido Parejo Calvo foi decisão unilateral

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Brasília

A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) afirmou nesta segunda-feira (28) que a exoneração do diretor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações desrespeitou regras administrativas e surpreendeu a comunidade científica.

Segundo a entidade, a decisão do órgão foi unilateral, ignorando o convênio com o governo do Estado de São Paulo. A exoneração de Wilson Aparecido Parejo Calvo foi publicada no Diário Oficial da União na sexta-feira (25), com data de 8 de fevereiro.

O Ipen é uma unidade técnico-científica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e, de acordo com a SBPC, devido ao convênio firmado para a gestão da autarquia, decisões referentes ao cargo de superintendente devem passar por avaliação do Conselho Superior do Instituto. Este, por sua vez, não estava ciente da exoneração de Calvo.

Fachada do prédio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações - Roque de Sá - 19.out.20/Agência Senado

O Conselho é formado por dois membros da USP (Universidade de São Paulo), um da SDE (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do governo de São Paulo), à qual o Ipen está vinculado, um representante da FIESP e dois membros da CNEN.

"A principal razão é que Calvo estaria sendo pressionado por defender a radiofarmácia pública hoje instalada no IPEN", afirmou a entidade, em nota.

"Ele se posicionou contrariamente à PEC 217/2010 da forma que ela está proposta, referente à quebra do monopólio da União no que diz respeito à produção de radioisótopos e radiofármacos de meia-vida longa, alertando para a necessidade de se manter a radiofarmácia pública para garantir atendimento a pacientes do sistema público", continuou.

"A SBPC lamenta mais este episódio contrário ao interesse público e conclama o MCTI pela revogação da exoneração e que haja diálogo com todos os envolvidos na gestão da área estratégica da produção de radiofármacos", disse.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do governo de São Paulo disse também repudiar a "tentativa unilateral de intervenção do governo federal".

"A atitude, sem consulta aos órgãos constituintes do Conselho -formado por diversas entidades nacionais-, resulta em desrespeito ao convênio firmado para gestão de recursos", afirmou.

"A iniciativa reforça ainda a tendência do governo federal em manter o enfraquecimento da ciência, com cortes recorrentes nos recursos e decisões arbitrárias."

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, mas não obteve resposta até a publicação desse texto.

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