Descrição de chapéu Rio de Janeiro Folhajus

Homem que diz ter agredido Moïse no Rio se apresenta à polícia

Congolês foi encontrado morto no último dia 24

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Rio de Janeiro

Um homem que diz ter participado das agressões contra o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe ​se apresentou à polícia do Rio de Janeiro nesta terça-feira (1º). O estrangeiro foi espancado e morto em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste carioca, no último dia 24.

O suposto agressor, que é funcionário do quiosque vizinho e não teve o nome divulgado, foi até a 34ª delegacia pela manhã junto da família para contar sua versão do que aconteceu. Por volta das 13h30, saiu dali em uma viatura para depor, mas não se sabe para qual unidade foi levado.

Homem faz pose para foto
O jovem congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, 24, foi espancado até a morte na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio - Facebook/Reprodução

A família de Moïse diz que ele foi espancado até a morte por ter cobrado diárias que estavam atrasadas. Segundo os parentes, o congolês trabalhava no quiosque Tropicália, na altura do posto 8, onde teria sofrido agressões presenciadas por cerca de cinco homens, incluindo um que naquele momento atuava como gerente.

Ao menos oito pessoas foram ouvidas pela Delegacia de Homicídios, de acordo com a Polícia Civil. O dono do quiosque, que não teve o nome divulgado, prestou depoimento à tarde na 16a delegacia (Barra), acompanhado de advogados.

Na porta da unidade, o defensor Euclides de Barros afirmou à imprensa que seu cliente não conhecia o agressor que se apresentou à polícia. Também disse que ele tem muito interesse em resolver o crime e está colaborando com a polícia."É um caso muito complexo, que infelizmente a narrativa que venderam para a imprensa não condiz com a verdade", declarou.

"A realidade é que o nosso cliente é totalmente inocente e foi posto de uma forma que de fato… Ele não teve nada a ver com nada."Perguntado se o dono estava no quiosque no momento das agressões, o advogado respondeu que "não podia dar muitos detalhes porque tem coisas que estão correndo em sigilo e não pode incorrer em infração profissional".

Protesto em frete à delegacia
Movimentos negros pedem justiça em frente à Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, que investiga a morte do congolês Moise Kabagambe - Júlia Barbon/Folhapress

Pela manhã, movimentos negros fizeram um ato em frente à Delegacia de Homicídios pedindo por Justiça. Eles também organizam uma manifestação no próximo sábado (5) com a família de Moïse em frente ao quiosque Tropicália, onde o congolês foi morto.

Segundo a presidente da Unegro (União de Negras e Negros pela Igualdade), Cláudia Vitalino, ao menos outros três homicídios de congoleses já foram registrados no Brasil. "A informação é do Consulado do Congo, mas os outros casos não tiveram repercussão. Se fosse um homem branco, seria diferente", declarou.

A deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj (Assembleia Legislativa do RJ), também esteve na delegacia e disse que acompanha o caso junto à OAB —advogados da Comissão de Direitos Humanos da Ordem compareceram na unidade à tarde para tentar ter acesso ao inquérito.

"Negros e negras no nosso país, sejam brasileiros ou aqueles que pedem asilo político, não são vistos como cidadãos. O Moïse foi cobrar duas diárias, isso equivale a R$ 200", disse a deputada. "A vida negra vale R$ 200?", interveio Mônica Cunha, que representa as mães de mortos na comissão.

Moïse chegou ao Brasil com 11 anos na condição de refugiado político e morava atualmente em Madureira, na zona norte do Rio. Em nota, a comunidade congolesa no Brasil classificou a morte dele como uma manifestação de racismo e xenofobia.

"Por isso, exigimos a justiça para Moïse e que os autores do crime junto ao dono do estabelecimento respondam pelo crime! Combater com firmeza e vencer o racismo, a xenofobia, é uma condição para que o Brasil se torne uma nação justa e democrática ", diz o documento.

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