Cercado pela música e pelas boas influências do pai —Alvarenga, da dupla sertaneja Alvarenga e Ranchinho (1929-1978)—, Murilo Alvarenga Junior trilhou caminhos semelhantes, mas fora dos gêneros caipira e sertanejo. Foi maestro, compositor e diretor musical de obras no teatro, no cinema, na TV e na publicidade.
Natural do Rio de Janeiro, Murilo mudou-se com a família para São Paulo em 1962.
Formou-se na instituição Pró-Arte Paulista e teve importantes professores como H. J. Koellreutter, Olivier Toni, Paulo Herculano, Samuel Kerr, Carlos Piper, Maria Livia San Marcos e Grace Loren.
Ao longo da carreira, como diretor musical, realizou trabalhos importantes nas décadas de 1970 e 1980. É o caso de "O Homem de La Mancha" (1972), "Macunaíma" (1978), "Chorus Line" (1983) e "Cyrano de Bergerac" (1985), no teatro; "Morte e Vida Severina" (Globo, 1981), "Memórias de um Gigolô" (Globo, 1986), "Abolição" (Globo, 1988), "Chapadão do Bugre" (Bandeirantes, 1988), "República" (Globo, 1989) e "Colônia Cecília" (Bandeirantes, 1989, e reprisada em 1991), na TV.
No cinema, fez música para os filmes "Um Anjo Mau" (1971) e "Circle of Dreams", de Rob Rooy, entre outros.
Na publicidade, Murilo criou vários jingles para comerciais de rádio e TV, sendo muitos premiados.
Apaixonado pela arte que desempenhava com maestria, dizia aos quatro cantos que "a música salva".
Seu grande sonho era criar a Associação Cultural Murilo Alvarenga. "O objetivo dele era oferecer cursos de instrumentação, interpretação de canto e ter um local para que pudesse levar seu acervo e dividir o seu legado. Não deu tempo", diz a produtora e cantora Rita Valente, 61, sua esposa.
Os dois se conheceram na publicidade e iriam completar 31 anos de casados em abril. "Sabe o amor da vida que você procura? Eu encontrei."
Sob os olhos do seu grande amor, Murilo irradiava a paixão pela vida e pela música. Bravo como quase todo maestro, também carregava uma doçura que se equiparava à beleza das notas musicais.
Exigente com o trabalho, ele encantava pelo conjunto de qualidades: engraçado, carismático, inteligente e dono de bagagem cultural invejável. "Ele era o tipo de pessoa que você sentava para conversar e o assunto nunca terminava", afirma Rita.
De 2002 a 2018, Murilo foi o responsável pela Orquestra do Esporte Clube Pinheiros. Assim que foi descontinuada, o músico fundou a própria, no ano seguinte, com os mesmos 35 integrantes. Depois, outros musicistas se juntaram à Orquestra Murilo Alvarenga.
Atualmente, ele também estava como regente da Big Band, do Clube de Campo de São Paulo, e do "Nosso Coral", formado pelos ex-integrantes do coral do Esporte Clube Pinheiros.
Murilo morreu dia 14 de fevereiro, aos 72 anos, de câncer no pâncreas com metástase no fígado. Deixa a esposa, uma filha e um neto.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.