Chegou ao Brasil com a missão de fazer o caratê conhecido, mas fez mais que isso: ensinou seus alunos a se desenvolverem de forma espiritual, mental e filosófica, sem se esquecerem do físico.
Taketo Okuda, também conhecido como Sensei, nasceu no Japão, onde foi registrado. Após treinar caratê no país por anos, recebeu a faixa preta e a missão de levar a filosofia da luta para outro país. Seus mestres lhe deram duas opções: Brasil e Austrália. Escolheu o país latino-americano.
No país, conheceu a japonesa Hamako, sua primeira esposa, com quem teve o casal de filhos Tetsuo e Keiko. Depois da morte da mulher, casou-se novamente com Eliana Niski, com quem viveu até sua morte. Com ela, teve as gêmeas Sofia e Isabela.
Vivia em São Paulo. Na cidade, criou a academia Butoku-Kan, que passou por diversos endereços até se instalar na rua Cunha Gago, em Pinheiros, na zona oeste. Nela aperfeiçoou seu caratê do ponto de vista físico, mental e filosófico.
Seu filho era um sucessor natural. Com o pai aprendeu uma técnica impecável e parecia seguir seus passos. Um mal súbito, porém, o matou aos 40 anos. O caratê, os alunos e a família mantiveram Sensei de pé.
Sua filosofia dizia que o principal adversário era si mesmo. Entender esse preceito significava compreender o verdadeiro desenvolvimento que o caratê deveria proporcionar.
Seus alunos não deviam buscar as aulas para entrar em brigas, mas para aperfeiçoar o próprio espírito e buscar sua melhor versão.
Com os alunos decidiu visitar o Japão. Passaram por algumas cidades, entre as quais Tóquio. Na terra natal, visitou templos xintoístas, meditou e descansou em águas termais. Encontrou antigos amigos da época em que treinava no local.
O médico Ari Timerman, 75, aluno e amigo de Okuda há cerca de 35 anos, conta que caratecas tratavam Sensei com respeito e reverência.
Timerman diz que o sentimento de gratidão é grande entre seus alunos. Sensei buscava ajudar todos a encontrar sua melhor forma.
"Nós nos aperfeiçoamos não só na parte física, mas na parte espiritual. Ele foi realmente uma pessoa iluminada", afirma o médico.
Taketo Okuda morreu no dia 31 de janeiro de 2022 aos 79 anos. Ele deixa a esposa, os filhos, alunos e amigos.
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