"Um pacote completo de coisas boas." Assim a família define o paulistano nascido no Jardim da Aclimação, zona sul da capital paulista, José Victor Malheiro de Oliveira.
Dentro desse pacote havia generosidade, atenção ao próximo, bom humor e graça, principalmente nas brincadeiras com os netos, teimosia e praticidade.
"Ele era ótimo para consertos em casa e achava solução para tudo", diz a professora e artesã Sara Medeiros de Oliveira, 79, sua esposa por quase 58 anos.
O casal se conheceu no curso de pintura da Escola de Belas Artes. Victor, como era chamado, estava sempre com o lápis na mão. Era ótimo desenhista e retratista. Qualquer pedaço de papel —até um guardanapo— servia de base para um esboço.
Querido por todos, chamava a atenção por ser calmo e fazer tudo com carinho. A sua história também foi marcada pelo amor aos animais. Ultimamente, Victor tinha a companhia da gatinha Ana.
Militou pelo PT (Partido dos Trabalhadores) na maturidade e, ao lado de Sara, pintou alguns muros na cidade.
Suas histórias e lembranças divertiam os filhos. Entre elas, as artes que aprontava no colégio.
"No semi-internato, ele fechou o registro de água da escola, e a direção achou por bem suspender as aulas e mandar todos para casa. Quando descobriram, já era tarde", conta a jornalista Paula Medeiros, 55, sua filha.
Victor era o segundo de seis filhos de uma dona de casa e de um empreendedor. Quando garoto, gostava de brincar na terra pelas ruas não asfaltadas do bairro. Lembrava-se das carroças com os burrinhos que transportavam terra vermelha das escavações da rua Topázio.
Os Carnavais eram em Tatuí (a 141 km de São Paulo) com os primos. "Ele pintava o rosto das crianças, que faziam fila para receber um desenho."
Victor morreu dia 23 de fevereiro, aos 82 anos, em decorrência de falência renal. Há alguns anos convivia com a doença de Alzheimer.
Ele deixa a esposa, quatro filhos, cinco netos, um irmão e duas cunhadas.
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