Ao longo de muitos anos, artistas e personalidades que passaram pelo Brasil tiveram como anfitrião Mauricio Kus.
Apaixonado por cinema, ele divulgou no país importantes filmes brasileiros e internacionais, entre os quais "O Pagador de Promessas" (1962), "O Marginal" (1974), "Independência ou Morte" (1972), "Inferno na Torre"(1974), com Paul Newman no elenco, e "Amadeus" (1984), que teve Tom Hulce no papel de Wolfgang Amadeus Mozart.
Mauricio interessou-se pelo cinema ainda garoto, quando morava no Bom Retiro, no centro paulistano. Ali perto, a região da rua do Triunfo —área que ficaria conhecida como Boca do Lixo— chegou a reunir importantes distribuidoras de filmes, como a Paramount e a Fox.
"Como naquela época não tinha lazer, meu pai andava pelos quarteirões e parava nessas distribuidoras para ver os lançamentos. Quando ele foi ao cinema pela primeira vez, por volta de 12 anos, já conhecia os enredos e atores", conta o empresário da área de comunicação Paulo Kus, 56, seu filho.
Das artes para o jornalismo foi uma travessia curta. Mauricio escreveu sobre TV, teatro, cinema e música em veículos da grande imprensa.
Por muitas vezes, Mauricio Kus transformou a capital paulista em Hollywood. Realizou na cidade a pré-estreia de alguns filmes famosos. A de "King Kong" (1976) trouxe a atriz Jessica Lange ao Brasil.
"Quando meus pais completaram 25 anos de casados, meu pai organizou uma festa num cinema do Conjunto Nacional, na avenida Paulista, para comemorar a data junto com a 'avant-première' [pré-estreia] do filme ‘Hannah e suas Irmãs’" [1986, de Woody Allen].
Até antes de 14 de fevereiro de 2022, data de sua morte, Mauricio era o único jurado vivo da primeira edição do Troféu Imprensa (1960 ), segundo Ovadia Saadia, 61, relações públicas e presidente da Febraccos (Federação Brasileira de Comunicadores e Colunistas Sociais). Os dois eram amigos havia 40 anos.
Ovadia se lembra de muitas histórias. Em 1951, seu grande amigo foi um dos coordenadores da 1ª Exposição Mundial de Quadrinhos, realizada no Centro Cultural e Progresso, um clube da juventude judaica localizado no Bom Retiro.
Expert em eventos, nos anos 1970 Mauricio encontrou uma forma inusitada para ajudar nas obras assistenciais do governo paulista promovidas pela primeira-dama.
"Uma vez ao ano, sempre no Dia das Mães, ele colocava as atrizes famosas da época para vender tulipas num palanque na avenida São Luiz, no centro da cidade. Quem comprava a recebia de uma atriz", relata Ovadia.
Mauricio Kus também se destacou como assessor de imprensa. Foi diretor de relações públicas da Braniff International e da British Caledonian. Depois, fundou a própria empresa.
O grande amor de sua vida foi a esposa Sarah Chaits Kus, que morreu em 2007.
Considerado como uma pessoa antenada, Mauricio adaptou-se com facilidade aos novos tempos.
Apaixonado pela vida, era um homem ligado à família, sem preconceitos e um grande piadista. "Ele sempre se orgulhou das suas conquistas, mas nunca foi esnobe", diz Paulo.
Mauricio Kus morreu dia 14 de fevereiro, aos 92 anos, em decorrência de um AVC. Viúvo, deixa dois filhos, uma nora, um genro e duas netas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.