O número de mortos na tragédia de Petrópolis, no Rio de Janeiro, superou a marca de 200 nesta quarta-feira (23). Até o final da tarde, já eram 204 mortos e 51 pessoas desaparecidas durante a chuva reportadas à Polícia Civil.
Na noite desta segunda-feira (21), os números do órgão indicavam 179 mortos e 112 desaparecidos. No dia seguinte, passaram para 186 e 85, respectivamente. A diferença se deve principalmente ao reconhecimento de quem já havia sido levado ao IML (Instituto Médico-Legal) da cidade —até agora, são 188 identificações (92%).
Do total de mortos, 124 eram mulheres e 80 eram homens, sendo 39 menores de idade. Foram encontrados ainda sete fragmentos de corpos. As buscas na lama feitas por bombeiros e moradores continuam em curso, assim como o atendimento aos 807 abrigados em escolas municipais.
Nas ruas, moradores seguem limpando casas, prédios históricos e comércios, que já começam a reabrir. Sirenes de viaturas e ambulâncias ecoam de um lado para o outro, e motociclistas e famílias circulam sem parar com doações entre pontos de apoio e igrejas.
As salas de velórios estão cheias, e os enterros estão sendo feitos em sequência no cemitério municipal . A prefeitura abriu novas covas rasas (menos profundas e mais baratas) e descartou um grande enterro coletivo "para respeitar a programação das famílias".
Chuvas continuaram atingindo a cidade na última semana, principalmente à tarde e à noite, fazendo as sirenes nas áreas de risco serem acionadas diversas vezes, incluindo na tarde desta terça. A previsão é de pancadas moderadas a fortes.
O Corpo de Bombeiros fluminense marcou um encontro com a imprensa nesta segunda para explicar as dificuldades das equipes e desmentiu boatos de que pessoas teriam sido resgatadas com vida nos últimos dias —foram 24 salvamentos, todos nas primeiras 24 horas após a tempestade.
Desde a tempestade, foram registradas mais de 1.600 ocorrências no município, a grande maioria por deslizamentos. Até o momento também foram realizadas mais de 350 vistorias em imóveis e áreas afetadas, de acordo com a prefeitura.
Segundo o comandante dos Bombeiros, coronel Leandro Monteiro, quando a primeira solicitação de socorro foi feita, havia 30 militares em serviço, que é o efetivo do quartel local. Em seguida, foram acionados os efetivos próximos, de Itaipava, Teresópolis e Nova Friburgo, e os profissionais de folga.
Agora, há 54 cães especializados do Rio de Janeiro e de outros estados atuando nas operações. "O objetivo é minimizar as áreas a serem trabalhadas. Em um determinado perímetro, um cão substitui cerca de 25 bombeiros", disse o tenente-coronel Wendell Carlos Rodrigues.
A corporação afirmou ainda que a presença de pessoas e veículos dificultam as buscas. "Em um socorro, por exemplo, eu gastei 40 minutos em um trajeto de 500 metros com um paciente na ambulância", disse a coronel Simone Maeso, diretora-geral de Socorro e Emergência.
Mais de 300 animais também foram resgatados pela prefeitura, por ONGs e por voluntários nas áreas afetadas até agora. Eles estão sendo abrigados por 84 pessoas em lares temporários cadastrados, e os feridos estão sendo atendidos voluntariamente.
Parte da cidade permanece sem abastecimento de água (como Parque São Vicente, Sargento Boening, Chácara Flora, Estrada da Saudade, Floresta e locais altos do Quitandinha). Por isso, 13 caminhões-pipa foram distribuídos pelas regiões.
A Prefeitura de Petrópolis informou que, no momento, as doações de roupas usadas e água mineral já são suficientes para atender a população afetada, mas que itens de higiene, cuidado pessoal e limpeza são necessários.
DOAÇÕES MAIS NECESSÁRIAS AGORA, SEGUNDO A PREFEITURA
- Cesta básica já montada (25 kg)
- Kit de higiene pessoal (desodorante, absorvente, sabonete etc.)
- Kit de limpeza (desinfetante, saco de lixo, luvas descartáveis, detergente, esponja etc.)
- Kit para crianças (biscoitos, guloseimas, brinquedos, jogos infantis etc.)
- Fraldas geriátricas
- Toalhas novas
- Roupas de cama e travesseiros novos
- Roupa íntima nova (infantil, feminina e masculina)
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