Descrição de chapéu Coronavírus

Pernambuco proíbe todas as festas privadas durante o Carnaval

Governo do estado anunciou endurecimento de regra em meio ao avanço da variante ômicron

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Recife

O governo de Pernambuco proibiu a realização de qualquer festa pública ou privada de Carnaval durante o período de 25 de fevereiro a 1° de março.

A determinação foi anunciada à imprensa nesta terça-feira (8) pelo secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. O comitê científico do Consórcio Nordeste tinha recomendado o cancelamento do feriado.

Foliões no Galo da Madrugada no centro do Recife - Marcus Leoni - 25.fev.2017/Folhapress

O endurecimento das medidas foi divulgado um dia depois de o governo anunciar a diminuição na capacidade dos eventos privados e o cancelamento do ponto facultativo do Carnaval no estado. Em Pernambuco, ainda que o período seja normalmente considerado ponto facultativo, na prática, é tratado com status de feriado.

Nos próximos dias, o Governo do Estado vai se reunir com os prefeitos dos principais polos festivos de Carnaval para alinhar protocolos preventivos para conter aglomerações e reforçar a fiscalização em espaços públicos e privados.

"Lamentamos o cancelamento, por mais um ano, dessa festa que está na alma e no coração dos pernambucanos, mas nosso compromisso precisa ser com a vida. Precisamos desestimular situações que possam gerar aumento na contaminação", afirmou Longo.

No entanto, a realização de festas segue liberada em Pernambuco até o dia 24 de fevereiro, véspera do início do período carnavalesco. Até essa data, a capacidade de eventos é de até 500 pessoas em espaços abertos —antes era de 3.000—, e 300 pessoas em locais fechados —até esta terça, o limite era de 1.000.

De acordo com o governo, permanece obrigatória a comprovação de vacinação e a apresentação de teste negativo nos eventos com mais de 300 pessoas.

As regras também valem para cinemas, teatros, circos e jogos de futebol.

Empresários do setor de eventos afirmam, reservadamente, que as novas regras inviabilizaram a realização de eventos nas semanas anteriores ao Carnaval. Diante disso, os produtores começaram a adiar diversas festas em Pernambuco para o final de março ou para a Semana Santa, em abril.

A variante ômicron do coronavírus está em aceleração em Pernambuco. De acordo com análise da Secretaria Estadual de Saúde, há aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), interrompendo uma tendência de queda observada anteriormente.

Ao todo, foram 890 registros na última semana epidemiológica, de 31 de janeiro a 5 de fevereiro, o que representa um aumento de 6% na comparação com a semana anterior.

Atualmente, a ocupação de leitos de terapia intensiva para casos respiratórios graves é de 88% na rede pública estadual.

Na média das duas últimas semanas, 44% dos casos de Srag testaram positivo para a Covid-19 –um aumento de mais de 500% na comparação com a primeira semana de 2022, quando a positividade estava em 6%.

Esse fato já tem impactado as solicitações de leitos de UTI, que permanecem em um patamar de mais de 650 pedidos por semana, segundo o governo.

"Além disso, os dados também influenciam na ocupação dos leitos, com mais de 900 pacientes internados nas vagas de terapia intensiva –mesmo patamar de julho do ano passado e 11% a mais do que 15 dias atrás. Esta aceleração ainda tem reflexo nos óbitos, que mesmo com dados preliminares, registraram na semana passada, 59 mortes pela Covid-19, um aumento de 157% em duas semanas", diz comunicado do governo.

As festas públicas de Carnaval já tinham sido canceladas pelas prefeituras do Recife e de Olinda, os dois maiores polos da folia pernambucana. No entanto, as duas gestões municipais optaram por não se posicionar em relação aos eventos privados e deixaram a decisão a cargo do governo de Pernambuco.

Municípios do interior que possuem eventos carnavalescos expressivos, como Bezerros e Nazaré da Mata, também tinham anunciado a impossibilidade de promover as festas de rua por causa do recrudescimento da pandemia.

Desde o ano passado, os eventos privados fazem as divulgações e vendas de ingressos para o período de Carnaval. A categoria alegava que seria possível fazer o controle sanitário exigindo o comprovante de vacinação completa contra a Covid, além da testagem para a doença.

Em entrevista à Folha em janeiro, o governador Paulo Câmara (PSB) deixou clara a possibilidade de endurecer as medidas restritivas no estado caso o cenário da pandemia piorasse.

"Se for necessário apertar, nós também não vamos deixar de fazer o que for necessário", disse na entrevista publicada no dia 18 do mês passado.

São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador também já proibiram eventos públicos de Carnaval. Já os desfiles das escolas de samba das capitais paulista e fluminense foram adiados para o feriadão de Tiradentes, em abril.

Para tentar suprir o impacto financeiro para artistas e técnicos, as prefeituras de Olinda e Recife criaram um auxílio para ser pago a entidades, grupos, blocos e cantores envolvidos com o Carnaval em razão do cancelamento da festa em 2022.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.