Servidores da área de segurança protestam contra o governo Zema em BH

Policiais militares da ativa foram autorizados a participar da manifestação

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Belo Horizonte

Com autorização do comando da Polícia Militar de Minas Gerais para participação de agentes da ativa, servidores das forças de segurança do estado fazem protesto por reajuste salarial contra o governo de Romeu Zema (Novo) nesta segunda-feira (21) em Belo Horizonte.

Os policiais acusam o governo de não cumprir acordo para recomposição por perdas inflacionárias fechado em 2019. A manifestação, além de policiais militares da ativa, reuniu policiais civis e agentes penitenciários.

Servidores da segurança em protesto contra a gestão Zema nesta segunda (21) em Belo Horizonte - Flavio Tavares/O Tempo

O acordo previa aumentos de 13% em julho de 2020, 12% em setembro de 2021 e 12% em setembro de 2022 para as forças de segurança. Entre as propostas vencidas, o governo pagou apenas a referente a julho de 2020.

Bombas e foguetes foram lançados pelos agentes de segurança na concentração do protesto, na Praça da Estação, região central da capital, na manhã desta segunda.

Candidato à reeleição em outubro, Zema condiciona aumentos salariais ao funcionalismo à entrada do estado ao plano de recuperação fiscal do governo federal.

Manifestantes de cidades como Governador Valadares (Leste), Ipatinga (Leste), Manhuaçu (Zona da Mata) e Divinópolis (Centro-Oeste) estavam entre os participantes do protesto em Belo Horizonte.

"A manifestação de hoje é o primeiro passo. Os próximos vão depender do comportamento do governador Zema", afirmou um dos policiais militares da ativa presentes no ato contra o governo.

O policial, que é de Manhuaçu, não quis se identificar. "A gota d'água chegou", disse. Os policiais militares da ativa que estavam na manifestação não usavam farda.

O professor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), e especialista em segurança pública, Luís Flávio Sapori, afirma que policiais militares têm o direito de se manifestar.

"O que não podem é fazer greve, motim. Mesmo assim, é comum que façam, como ocorreu no Ceará", declarou o professor, se referindo à paralisação da PM no estado em 2020.

Nota da Policia Minlitar de Minas Gerais sobre o protesto de policiais marcada para o dia 21 de fevereiro de 2022,. O comunicado é assinado pelo coronel Rodrigo Sousa Rodrigues, comandante da PM de Minas Gerais.
Nota da Policia Militar de Minas Gerais, sobre o protesto de policiais nesta segunda-feira (21) em Belo Horizonte; documento é assinado pelo coronel Rodrigo Sousa Rodrigues, comandante da PM de Minas Gerais. - Divulgação

Um comunicado às tropas divulgado no fim de semana pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rodrigo Sousa Rodrigues, tratou a manifestação como "evento legítimo, inclusive com a participação de quem ombreia na ativa ou ombreou o bom combate e estabeleceu alicerces para estarmos onde estamos".

Ao mesmo tempo, o coronel pediu comedimento durante o protesto. "Cuidemos para que nenhuma ação retire o brilho do respaldo que nossa instituição conquistou até hoje, inclusive como patrimônio do povo mineiro."

O coronel também evitou, ao menos publicamente, embate com o governador.

"Continuaremos em franca negociação com o governo do estado, que já reconheceu nossas perdas inflacionárias e busca soluções para a reposição da remuneração da tropa que tem se desdobrado, inclusive na pandemia, para que o estado continue a ser referência em segurança pública."

Em outra nota, divulgada depois do posicionamento do comandante da corporação, a assessoria de imprensa da PM disse que o comunicado emitido pelo coronel tem como objetivo trazer tranquilidade para a população.

"O comando da PMMG reconhece que a manifestação é legítima, inclusive prevista na Constituição Federal, e pede aos policiais militares da ativa, que estejam de folga e de férias, e os da reserva para que o ato seja pacífico e não traga nenhum transtorno para o povo mineiro (...)."

Zema vai disputar a reeleição em outubro e, ao menos por enquanto, não está no grupo de pelo menos 13 governadores que vão buscar o cargo novamente –ou que apoiarão aliado para o posto- que concederam aumento recentemente para servidores públicos.

O governo de Minas, também em nota, disse que somente com a entrada do estado no plano nacional de recuperação fiscal, que prevê renegociação de dívida com a União, permitirá "nova recomposição dos salários dos profissionais de segurança".

A entrada do estado no plano precisa passar pela Assembleia, o que não tem prazo para ocorrer.

"A renegociação da dívida bilionária com a União, por meio do plano de recuperação fiscal, permitirá uma nova recomposição dos salários dos profissionais de segurança. Continuaremos em busca de outras alternativas para fazer a reposição das perdas inflacionárias", disse o governo Zema, na nota.

Os manifestantes seguiram em passeata para a Praça Sete, também na região central da capital. Os dois sentidos da avenida Afonso Pena tiveram trânsito interrompido com reflexos no fluxo de veículos em toda a região central.

Em seguida, novamente em passeata, foram para a Assembleia Legislativa. O ato foi encerrado por volta das 15h30. A Polícia Militar do estado não faz estimativa de número de participantes em manifestações públicas.

A expectativa dos organizadores é que o protesto tenha reunido cerca de 20 mil integrantes das forças de segurança do todo o estado.

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