Descrição de chapéu Folhajus LGBTQIA+

Homem sofre ataque homofóbico dentro do restaurante Le Jazz, em SP

Estabelecimento afirma que colaborará 'para que agressor pague pelo mal causado'

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São Paulo

Um cliente do restaurante Le Jazz registrou boletim de ocorrência na sexta-feira (11) após ter sido agredido dentro do restaurante por outro homem. Ele diz que sofreu ameaça de violência física, xingamentos homofóbicos e acusa o restaurante de não ter prestado a ajuda necessária a ele no momento em que a agressão ocorreu.

A vítima pediu para não ter sua identidade revelada. O caso aconteceu na unidade de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

Imagem extraída de vídeo do sistema de segurança do restaurante Le Jazz mostra momento em que um cliente sofre agressão homofóbica; agressor está de pé diante dele, na parte inferior direita da imagem - Reprodução

Ouvido pelo jornal, o homem diz que o ataque durou cerca de uma hora e que ele chegou a mudar de mesa a pedido dos funcionários do restaurante. Sem efeito, o agressor permaneceu usando contra ele palavras como "veadão" e "bichona", conforme relato no boletim de ocorrência, que foi registrado ainda na noite de sexta, minutos depois do ataque, no 14º DP de Pinheiros.

O Le Jazz nega que tenha sido negligente com a vítima e afirmou, por meio de sua assessoria, que precisou transferir o cliente agredido para poder cobrar a conta do agressor, que tinha consumido, junto com uma amiga, cinco garrafas de vinho, antes de pedir para que eles se retirassem.

É possível ver pelos vídeos registrados no sistema de vigilância do Le Jazz que houve ao menos três interferências da equipe do estabelecimento na tentativa de apartar o agressor. Mesmo embriagado, ele saiu dirigindo, segundo testemunhas.

A vítima também afirma que cobrou do Le Jazz a presença da polícia, mas que os funcionários da casa se recusaram a abrir uma ocorrência na hora em que a agressão estava em curso. O restaurante diz que a presença da polícia não foi cobrada e que colabora com a investigação aberta no 14º DP, tendo inclusive entregado os vídeos de segurança.

Também afirma que a polícia passou no restaurante ainda na noite de sexta-feira, depois que o cliente agredido registrou a ocorrência. A vítima afirma que o cliente agressor estava sendo tratado como alguém conhecido da casa e que ele foi protegido.

A briga se iniciou porque as cadeiras do cliente agredido e da mulher que acompanhava o agressor se esbarraram várias vezes —o Le Jazz é conhecido por ter as mesas muito próximas uma das outras.

O cliente agredido diz que precisou se afastar algumas vezes dos vizinhos, mas que o agressor estava alcoolizado e passou a confrontá-lo com ameaças físicas e xingamentos homofóbicos.

No vídeo, é possível ver que a equipe do Le Jazz interferiu quando percebeu que havia uma tentativa de agressão e que garçons pediram para o cliente agredido e uma amiga ocuparem uma mesa mais afastada, na área externa no restaurante. Depois, outro vídeo, na área externa, mostra que o agressor voltou a atacar o cliente. Nesse momento, dois seguranças agiram para retirar o agressor do estabelecimento.

O cliente agredido diz que o agressor conseguiu voltar ao restaurante outras vezes. Em um último vídeo, é possível ver que o agressor, mesmo contido por um homem, arremessa um saco contra os clientes. Uma testemunha diz que havia uma garrafa dentro desse saco e que ela foi atingida na perna por cacos de vidro. O Le Jazz afirma que o homem que está tentando conter o agressor no vídeo era um de seus seguranças.

O caso repercutiu na internet depois que, no sábado (12), o ator Otavio Martins publicou um texto em sua conta no Twitter dizendo: "Eu não piso nunca mais no restaurante Le Jazz, em São Paulo. Não só pela comida ruim: ontem um amigo foi vítima de homofobia por um cliente 'da casa', covardemente atacado, com testemunhas, mas o gerente e os garçons se negaram a ajudar ou chamar a polícia".

O Le Jazz nega que se tratava de um cliente antigo. Seus funcionários afirmam que nunca haviam visto ele por lá. Dizem também que os comprovantes de pagamento bancário que saem das maquininhas de cobrança não mostram a identidade de nenhum cliente, o que os impediu de informar o nome do agressor, mas que as imagens das câmeras de segurança mostram a placa de seu carro.

Em nota, o restaurante diz que "repudia qualquer tipo de violência ou discriminação e não compactua com os atos de homofobia relatados na noite de sexta."

A direção da casa, afirma ainda que trocou sua equipe de segurança, "considerando que os agentes falharam ao evitar que o agressor retornasse ao restaurante depois de ser convidado a se retirar".

"Pedimos desculpas a todos os clientes envolvidos, aos que presenciaram a cena e também aos frequentadores habituais da casa", prossegue a nota. "O respeito à diversidade e o combate a qualquer forma de discriminação são princípios que guiam nosso trabalho."

Antes da briga se iniciar, a equipe do restaurante já havia parado de servir bebida ao agressor, "ao verificar que ele estava excessivamente alcoolizado", diz a nota.

"Pedimos que o agressor se retirasse do estabelecimento e, uma vez do lado de fora, ele seguiu com as agressões, sendo contido por nosso segurança". A equipe do estabelecimento também nega que tenha agido para impedir que a polícia fosse acionada.

"Reconhecemos que apesar de todos os esforços de nossa equipe para evitar que as agressões evoluíssem para o confronto físico, não conseguimos conter o agressor, bastante alterado e exaltado", diz a nota. "Os atos homofóbicos partiram dele e não de nossa equipe: todo o trabalho feito por nós foi no sentido de evitar o agravamento do confronto, o que poderia colocar ainda mais clientes em risco."

Encerram o texto dizendo que o estabelecimento está "do lado da vítima" e que colaborará "para que o agressor pague pelo mal causado".

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