Descrição de chapéu Rio de Janeiro Alalaô

Ignorado na zona sul, Carnaval bomba no centro do Rio

No dia do seu aniversário, cidade fica dividida entre praias e agito nos blocos

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Bianca Guilherme
Rio de Janeiro

De um lado, pé na areia, caipirinha, água de coco e cerveja. De outro, marchinhas de Carnaval, pegação, fantasias e muito glitter. Esse é o retrato do Rio de Janeiro neste feriado de primeiro de março, dia em que a cidade completa 457 anos.

Andando pelo calçadão de Copacabana era fácil encontrar casais que decidiram passar o feriado na capital, mas não com o objetivo de curtir a folia.

Praia de Ipanema lotada na tarde desta terça-feira, feriado no Rio de Janeiro
Praia de Ipanema lotada na tarde desta terça-feira, feriado no Rio de Janeiro - Bianca Guilherme/Folhapress

A cozinheira Vanessa Ferreira, 25, escolheu passar seu feriado e folga de uma forma mais calma. Ela e sua amiga Letícia Bueno, 24, nutricionista, tomaram café da manhã no Forte de Copacabana e estavam a caminho do Parque Lage.

Vanessa afirma que não sentiu o clima de Carnaval neste ano, data que para ela se assemelhou muito mais a um "feriadão". "Depois da Covid-19, mesmo com a vacina, eu ainda tenho medo de multidão. Prefiro passar como um feriado curtindo e aproveitando", disse.

Assim como ela, a técnica administrativa Cecília Milioni, 59, definiu que sua terça de Carnaval seria mais leve. Moradora de Copacabana, ela só tinha um plano: ficar sentada lendo um livro no calçadão e distante do tumulto.

"Não me sinto segura em ir a blocos. Ouvi muitas histórias de gente indo em festas particulares, entendo a necessidade das pessoas em se divertir, mas acho que isso pode gerar uma nova onda [do vírus]. Então, fico preocupada e prefiro ficar distante", afirmou.

Bloco clandestino reúne centenas de foliões na Praça 15, no Rio
Bloco clandestino reúne centenas de foliões na Praça 15, no Rio - Bianca Guilherme/Folhapress

Milioni disse que não viu blocos em Copacabana neste ano. "Esse Carnaval está muito diferente, isso aqui ficava cheio [avenida Atlântica], tinha bloco de manhã, tarde e noite", disse.

O casal mineiro Paola Barcelos, 34, personal, e João Barcelos, 30, analista financeiro, até estava fantasiado, mas não com o objetivo de encontrar algum bloco na zona sul.

"Nós fomos em samba, barzinhos, mas nada de blocos. Estamos fantasiados porque amamos essa época, só que para curtir a praia", afirmou a personal.

Já a coordenadora pedagógica Roberta Bitencourt, 55, de São Paulo, disse que ama Carnaval, mas não se sentia segura em ir a blocos.

No centro do Rio, por sua vez, o clima era totalmente diferente. Desde a noite de sexta-feira (25) diversos cortejos ocorreram, inclusive sob a observação de policiais militares e guardas municipais.

A historiadora Nathalia Laurindo, 23, afirmou que desde o início de 2022 está participando bloquinhos. Para a historiadora, estar na rua é "resistência".

"Estão querendo acabar com o Carnaval de rua. Esses eventos particulares só fazem que quem tem dinheiro lucre mais. Esse Carnaval de rua aqui é resistência", disse.

Para o psicólogo Manoel Ferreira, 37, o Carnaval deste ano está sendo transformador, por ocorrer mesmo com veto do governo.

"A maior diferença está sendo em não sabermos como e onde os blocos estão ou quando começa ou termina um. Tudo tem se tornado um só", afirmou.

Para a musicista Carolina Matias, 24, os foliões começaram de uma forma tímida, consciente e, quando viram que não estava tendo repressão, o número foi aumentando. "Não sabemos quando começa e para onde vai. Vamos seguindo o fluxo e isso é muito bom."

A Folha conversou com um grupo de vendedores que decidiram não trabalhar nesta terça, pois se sentiam cansados e precisavam "extravasar".

Para a vendedora Luciana De Castro, 32, tem sido divertido e estranho ao mesmo tempo trabalhar no Carnaval. "É esquisito porque não estamos acostumados a trabalhar nessa época, ainda mais em uma terça de Carnaval. Mas, devido à pandemia, esse é um momento de readaptação e isso faz parte."

Em nota, a Fecomércio afirmou que o comércio abriria sem restrições nesta terça e quarta-feira (2), graças a um acordo com o Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, acertado em 4 de fevereiro.

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