As ruas do Canindé (região central) da São Paulo de antigamente viram Wanderley Midei até a sua juventude.
Filho caçula de pai operário de uma indústria de talheres e de mãe dona de casa e costureira, passou a infância brincando na avenida Cruzeiro do Sul, ao lado do trem. Conviveu com imigrantes e viu o desenvolvimento da região.
Em 1961, tornou-se jornalista. E pelo tempo de atividade incorporou o título.
O início da carreira foi como foca em Santos (a 72 km de SP), no litoral paulista, para a Folha. Também trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo, no SBT e na extinta TV Manchete.
Mesmo cego por causa de um glaucoma, nunca deixou de escrever. Além de jornalista, era escritor de contos e poesias e também compositor.
Segundo a engenheira florestal Daniela Midei, 46, sua filha, Wanderley publicou quatro livros e em parceria compôs músicas para um CD.
O senso de justiça o definia. No quesito generosidade, não era diferente. "Ele ajudou a todos que o procuraram em busca de oportunidade profissional ou por dificuldades. Meu pai cultivava as amizades", diz Daniela.
Também foi um defensor da ética. "Para o meu pai, não existia meio ético. Você é ou não é. 'Faça as suas escolhas para ser ético. Aproveite e festeje a vida', ele dizia."
Bon vivant, dava extrema importância aos prazeres da vida: comer e beber bem e principalmente dançar.
Na Redação ou numa mesa de bar ao final do dia, conversar com o Wanderley era privilégio. Amigo e afetuoso, tinha um bom repertório de palavras e histórias.
"Ele tinha uma presença de espírito muito grande. Era carinhoso, bem-humorado, tratava a todos com respeito e atenção. Mesmo com todo o conhecimento que ele tinha, era um homem muito simples", afirma a jornalista Maria Ângela Figueiredo. Os dois eram amigos desde o início dos anos 2000.
Wanderley morreu no dia 11 de março, aos 78 anos, em decorrência de choque hemorrágico devido a um abscesso hepático. Divorciado, deixa os filhos Daniela e Jefferson, e as netas Clara Flor e Luana Rosa.
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