Descrição de chapéu Obituário Kojy Shimizu (1939 - 2022)

Mortes: Contra as tradições familiares, casou escondido dos pais

Kojy Shimizu viveu com Yolanda por quase 50 anos

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São Paulo

Apesar de ter nascido em Bauru (a 329 km de SP), a história de Kojy Shimizu, filho de imigrantes japoneses, começou a ser desenhada em Diadema (Grande São Paulo), na época em que a localidade ainda pertencia a São Bernardo do Campo. A família de Kojy participou do movimento de emancipação de Diadema.

Funcionário número um da Câmara Municipal, trabalhou lá por quase 50 anos, até a aposentadoria, pouco antes dos 70 anos de idade.

Por sua atuação no órgão, na década de 2000, recebeu o título de Cidadão Diademense. Boa parte de sua vida foi dedicada ao serviço público. Mesmo em cargos importantes, sempre abriu mão de regalias. Não usou carro público quando teve direito, por exemplo.

Kojy Shimizu (1939-2022)
Kojy Shimizu (1939-2022) - Câmara Municipal de Diadema

"Meu pai era íntegro e honesto. Ele sempre quis separar o trabalho público da vida pessoal", afirma o coordenador pedagógico Rodrigo Fogaça Shimizu, 40, um dos filhos.

Kojy era advogado, mas nunca exerceu a profissão. Começou o curso na Faculdade de Direito da USP, mas no terceiro ano migrou para a FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas).

A educadora e alfabetizadora Yolanda Fogaça Shimizu, 75, foi o grande amor de sua vida. A história dos dois é quase um filme de romance.

Yolanda o conheceu muito jovem, na Câmara Municipal, mas foram as conversas no ônibus que aproximaram o casal. O problema era que os pais de Kojy não aceitavam seu relacionamento com uma "gaijin" (estrangeira) e o namoro começou escondido.

"Dei um ultimato, terminei com ele e fui para Peruíbe [no litoral de SP]. Depois de três meses, ele apareceu lá e jurou amor eterno. Voltamos a namorar escondido, mas já com os papéis para o casamento sendo preparados", conta Yolanda.

O casamento no civil foi marcado três vezes. Kojy cancelou a primeira vez porque, se os proclamas fossem publicados no jornal da cidade, seus pais ficariam sabendo da união. Da segunda, não tinha como justificar a ausência no trabalho e não poderia contar sobre o casamento, pois era escondido. Na terceira, finalmente, a união aconteceu.

Yolanda tinha 26 anos e Kojy, 33, quando assinaram os papéis. Em dezembro, eles completariam 50 anos de casados.

Durante mais de dois anos Yolanda e Kojy moraram em cidades diferentes —ela em Peruíbe e depois em Santos, ambas no litoral sul paulista, e ele em Diadema.

Lygia, a primeira filha do casal, nasceu em Santos. Foi o elo entre Yolanda e os pais de Kojy. "Eles se aproximaram, conheceram a neta e me pediram desculpas. A partir daí nós fomos muito felizes e nunca mais tive problemas com os meus sogros. Nós nos amamos", diz Yolanda.

Kojy era são-paulino, e nas artes apreciava música, em especial os boleros, e o cinema japonês. Sempre tranquilo, era um homem carinhoso, cheio de bondade e um pai excelente. Nunca foi ríspido com os filhos.

Kojy morreu no dia 13 de março, aos 82 anos, após sofrer um infarto. Deixa a esposa Yolanda, os filhos Lygia, Heloísa e Rodrigo, e os netos Yuka, Filipe e Fernando.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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