Descrição de chapéu Obituário Antônio Karam (1915 - 2022)

Mortes: Escritor, foi apaixonado por tango, trabalho e vida no campo

Antônio Karam viveu os últimos 70 anos em sua chácara, onde realizou o sonho de infância

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Ao completar um século de vida, Antônio Karam celebrou seu aniversário dançando tango ao lado de 200 pessoas em uma charqueada. A dança era uma de suas paixões, assim como o Grêmio, o Banco do Brasil, onde trabalhou por três décadas, e o campo.

Ele aprendeu a dançar na juventude, para vencer a timidez. O tempo e a prática o fizeram se tornar um dos melhores tangueiros do sul do Rio Grande do Sul, diz o filho, Francisco Karam.

Filho mais velho de libaneses nascido em Passo do Salso (RS), Aissar, como era chamado na família, mudou-se quando criança para Pelotas (RS) e, tempos depois, para Bagé (RS). Lá, trabalhou com o pai no comércio e virou funcionário do Banco do Brasil. Ele era um dos responsáveis, nos anos 1940 e 1950, por levar barras de ouro, de trem, até Porto Alegre.

Antônio Karam (1915-2022)
Antônio Karam (1915-2022) - Arquivo pessoal

Quando se aposentou, em 1971, Karam se mudou de vez para a chácara que comprara anos antes, a Granja Querência. "Ele me disse uma vez: 'Isso aqui foi para tentar realizar de novo o sonho da minha infância, que eu tinha paixão pelo campo'", relembra o filho.

Além de criar algumas cabeças de gado, galinhas e ovelhas no local, o gaúcho plantou em seu refúgio, nos últimos 70 anos, centenas de árvores –só de frutas eram ao menos 14 tipos. Em meio à vida rural, ele tinha seu escritório, onde costumava ler muito.

Karam também foi professor universitário e colunista do diário bageense Correio do Sul, no qual escreveu de 1944 até o início do século 21, quando o jornal deixou de existir.

Na coluna Amigo Velho, publicou crônicas, contos e poesias sobre política, cultura e a vida local. Alguns dos textos foram reunidos em quatros livros –o último foi lançado em 2019, quando Karam já era centenário.

Gaúcho tradicional, começava o dia com o mate e adorava churrasco. Só deixou de se responsabilizar pela carne aos 90 anos, quando delegou a função aos descendentes. Nos últimos anos, passava algumas temporadas com os filhos em Pelotas e em Florianópolis.

Karam morreu aos 106 anos, em 11 de fevereiro, duas semanas após cair no banheiro e fraturar o fêmur. Duas vezes viúvo, deixa cinco filhos, seis netos, um bisneto, a Granja Querência e um livro inacabado de memórias, que a família pretende finalizar.

​​coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.