Ver crianças brincando em um espaço público e em segurança era um dos desejos de Adalberto Bueno. O sonho ganhou vida em um terreno particular na esquina das ruas Professor Paulino Longo e Plínio de Morais, no Sumaré, zona oeste da capital paulista.
Em 1969, lá nasceu o Adalbertolândia, um parquinho para a garotada da região. Segundo o próprio Adalberto dizia, "a única 'lândia' que é de graça". O nome foi ideia dos vizinhos e uma surpresa ao idealizador como forma de homenageá-lo.
De sua mente criativa e mãos incansáveis saíram os bancos para acomodarem os pais das crianças e os brinquedos. Os vizinhos ajudaram, seja com doações ou mão de obra.
Talentoso para trabalhos manuais, Adalberto gostava de pintar e de marcenaria. Divertido e engraçado, provocava risos e inventava objetos e brinquedos.
A Copa do Mundo de 1970 foi especial para os moradores da região. "Meu pai fez uma caixinha para colocar uma televisão e todos assistiram juntos. O parquinho deu para a gente não apenas a oportunidade de brincar num lugar seguro, mas proporcionou aos nossos pais e às crianças amizades de uma vida inteira. Gerações cresceram lá", afirma a filha Vivian Bueno, 61, proprietária de uma lavanderia na Califórnia.
Natural de Sorocaba (a 99 km de São Paulo), no interior paulista, Adalberto fez amizades que duraram até o final da vida. Também foi habilidoso no cultivo dos sonhos. Em um deles, o de estudar nos EUA, teve a ajuda do jornalista Assis Chateaubriand, fundador da TV Tupi de São Paulo, que custeou as passagens.
Na Universidade da Califórnia, em Berkeley, estudou publicidade, engenharia química e psicologia. Em 1958, voltou ao Brasil. Adalberto teve agência de publicidade por 40 anos.
Em janeiro de 1960, casou-se com Verita Bueno, amiga da namorada do irmão, e foi pai de dois filhos.
"Fazer o bem aos outros reflete em você" era a frase dele. Meu pai se deu para o bem comum, criou para alegrar a vida das crianças e sempre acreditou no trabalho honesto. Ele foi uma pessoa caridosa, comunitária, humana, de coração alegre, ativo, tinha o sorriso sempre estampado no rosto. Faça o bem, faça algo bom para os outros, ele dizia", conta Vivian.
Adalberto morreu dia 19 de março, aos 95 anos, por complicações causadas por infecção urinária. Na ocasião, ele estava com a esposa em São José do Rio Preto (a 438 km da capital paulista). Além dela, Adalberto deixa os filhos Marcos e Vivian e o neto Alexandre.
O Adalbertolândia fechou durante a pandemia e será reaberto assim que passar por manutenção e limpeza.
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