O olhar do carioca Haroldo George Gepp para a capital paulista e para a diversidade de pessoas era especial, mas não só representados pelos desenhos que gostava de fazer. Gepp, como assinava suas ilustrações, ensinou aos filhos o respeito às diferenças.
Ilustrador, cartunista e caricaturista, Gepp mudou-se para São Paulo na adolescência. Cursou desenho industrial no Mackenzie e deu início a uma carreira inesquecível.
Quando formou a dupla Gepp e Maia, com José Roberto Maia de Olivas Ferreira, ficou conhecido publicamente.
Os dois se conheceram na faculdade e a amizade cresceu junto com as oportunidades profissionais. Na Gazeta Esportiva, no Jornal da Tarde (impressos já extintos) e na Revista Placar a dupla ilustrava os gols dos principais jogos das rodadas.
No Jornal da Tarde, a versatilidade de Gepp e Maia rendeu frutos a outras editorias, de desenho de mapas a caricaturas de personalidades, políticos e artistas.
Foi em 1982, no JT, que a dupla produziu uma sequência de ilustrações emblemáticas sobre o governo Paulo Maluf. A cada dia, os desenhos mostravam o nariz de Maluf um pouco maior —uma analogia com Pinóquio para exemplificar as mentiras da gestão.
Sócios num estúdio, além das ilustrações, os amigos confeccionaram os bonecos caricatos para os programas de Agildo Ribeiro —Agildo no País das Maravilhas (Band) e Cabaré do Barata (na extinta Manchete).
Gepp também fez desenhos para o programa Mãe de Gravata, apresentado pelo Ronnie Von na TV Gazeta.
A dupla é responsável, ainda, pela criação da maquete subterrânea do mapa da América Latina, no Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina, na zona oeste da capital paulista. Os artistas recriaram a história e geografia da região,e proporcionaram uma viagem pela cultura dos povos.
Gepp e Maia confeccionaram mapas ilustrados de cidades brasileiras e estrangeiras. São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador foram algumas delas. Os amigos têm dois livros publicados: "Acabou-se o que Era Doce" (editora Oesp) e "Um Pouco de São Paulo" (Imprensa Oficial).
Gepp gostava de boas conversas, política e de expressar suas críticas por meio das caricaturas. Artes, futebol e futebol de mesa também estavam sempre no seu radar. Deste último, Gepp era federado e chegou a disputar campeonato, segundo o fotógrafo Leonardo Breviglieri Gepp, 41, um dos filhos.
Quando a bola rolava em campo, vestia a camisa do Corinthians, seu time do coração.
Haroldo George Gepp morreu dia 17 de março, aos 67 anos, de câncer na garganta. Deixa a esposa Walkíria, quatro filhos e duas netas.
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