PM diretor de colégio onde alunos carregaram telhas vai para a reserva

Caso ocorreu em Goiás; Ministério Público apura se houve irregularidade na ação

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Goiânia

Um tenente-coronel da Polícia Militar de Goiás foi enviado para a reserva remunerada, na última segunda-feira (7), depois de alunos serem filmados ao lado de 6.000 telhas levadas por eles para o teto de um colégio militar que o oficial comandava. O Ministério Público estadual investiga possível irregularidade na conduta do oficial.

O secretário estadual de Segurança Pública, Rodney Rocha Miranda, assinou a decisão, publicada no Diário Oficial do Estado, que mandou o tenente-coronel Clécio Teles para a reserva. O oficial também é investigado por causa de outro vídeo que mostrou alunos dentro da piscina do colégio idolatrando-o.

alunos com rosto coberto em cima de telhado perto de telhas
Vídeo mostra alunos no teto de colégio militar em Aparecida de Goiânia GO após carregar milhares de telhas - Reprodução

O superintendente de Segurança Escolar e Colégio Militar da Secretaria Estadual de Educação, coronel Mauro Ferreira, criticou a postura do oficial por ter imposto aos alunos, enquanto era diretor da escola, uma "doutrina" que não é adotada pela rede de ensino.

"A doutrina que ele [Clécio] estava inserindo era para formação de militares, com viés que não é o da Secretaria de Educação para o estudante", afirmou Ferreira. "Recentemente, ele convenceu alunos e pais de que, para ter amor à escola, os estudantes precisam carregar tijolos. Alunos têm que ir à escola para aprender e ter conhecimento."

De acordo com o superintendente, os alunos têm melhor relação com a escola desde que ela seja meio de produção e difusão de conhecimento. "Se tratar o aluno direito e aplicar o conhecimento a ele, o aluno terá amor à escola", afirmou o superintendente. "Essas mudanças são naturais no comando de ensino".

A reportagem não encontrou o contato do tenente-coronel, que, em suas redes sociais, criticou a imprensa por divulgar os episódios dos alunos no teto da escola com 6.000 telhas e na piscina, idolatrando-o. Além disso, agradeceu a pais e alunos que estiveram ao seu lado e disse que vai apoiar o próximo diretor da unidade de ensino.

"Nós vamos curtir, aqui, a nossa reserva. A troca de comando é supernatural, é hábito do comando de ensino. Acreditamos que pais e alunos devem apoiar o novo comandante", afirmou Clécio Teles, em um vídeo, depois de ser enviado para a reserva.

Teles já estava na reserva antes de assumir a direção do colégio militar, de acordo com a Superintendência de Segurança Escolar e Colégio Militar do estado. No entanto, a cúpula da PM entendeu que as atitudes dele afrontaram as diretrizes estabelecidas para as escolas militarizadas.

No final de fevereiro, dois vídeos mostraram alunos do colégio militar em atividades que violam as diretrizes do comando de ensino e da secretaria estadual.

No primeiro caso, alunos aparecem sem equipamento de proteção, no teto da escola, fazem gritos de guerra e batem palmas virados para a rua. Na gravação, 36 alunos aparecem ao lado de dois homens.

A maioria dos estudantes está de uniforme de educação física. Ninguém usa máscara de proteção contra a Covid-19.

"E as 6.000 telhas que subimos, 6.000 telhas. O terceiro ano e o escravo", afirma um dos homens. Em seguida, os alunos fazem gritos de guerra, e ele completa: "Idolatria à telha". Ao final, os alunos riem.

Em outro momento, os alunos aparecem em pé, virados para a rua, e batem palmas. Todos sob sol forte.

No segundo vídeo, alunos aparecem uniformizados dentro de uma piscina e respondem a comandos de um funcionário, sendo incitados a responder: "supremo, magnífico" e "em homenagem ao nosso comandante diretor".

De acordo com o Ministério Público, as denúncias chegaram por meio de reclamação dos pais. Eles contaram que os estudantes foram obrigados a idolatrar um funcionário do local e, também, o governador Ronaldo Caiado (DEM) durante atividades na unidade.

O Ministério Público não informou o prazo para concluir as investigações.

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