Descrição de chapéu Rio de Janeiro Folhajus

Polícia investiga vídeos de sexo entre vereador do Rio e adolescentes

Gabriel Monteiro e uma das jovens registraram o caso e disseram que atos foram consensuais

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Rio de Janeiro

A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu mais uma investigação contra o vereador Gabriel Monteiro (sem partido), desta vez sobre vídeos em que ele aparece fazendo sexo com duas jovens separadamente, uma de 15 anos e outra que também aparenta ser menor de idade.

Monteiro, que é ex-policial e acumula mais de 6 milhões de seguidores só no YouTube, já era alvo de pelo menos mais dois inquéritos da polícia e do Ministério Público, o primeiro por assédio sexual contra uma ex-funcionária e o segundo por violação de direitos de uma criança que aparece em uma de suas gravações.

Agora, serão apurados tanto o vazamento das imagens das relações sexuais quanto os atos em si. O caso foi registrado pelo próprio vereador e pela adolescente, acompanhada de sua mãe. Todos disseram que as relações foram consensuais.

Jovem de terno posa em frente a cadeiras de madeira da Câmara Municipal
O vereador, ex-policial e youtuber Gabriel Monteiro (sem partido), que foi acusado de assédio - Reprodução/Facebook

"Houve a abertura de investigação relacionada a uma adolescente de 15 anos que teria tido relações, pelo que foi declarado por ela e pelo Gabriel Monteiro, consensuais, e que teriam vazado esses vídeos", disse à Folha o delegado Luis Maurício Armond, titular do 42º DP (Recreio dos Bandeirantes).

Segundo ele, Monteiro declarou em sede policial que não sabia que a menina era menor de idade, porque, de acordo com ele, ela dizia ter 18 anos. "Também [está sendo investigado outro vídeo] de uma outra garota não identificada, aparentemente menor, na internet", afirmou.

O vereador e a jovem de 15 anos registraram o caso em duas delegacias, separadamente, portanto hoje há dois inquéritos abertos sobre a mesma ocorrência —ainda está sendo avaliado se eles devem ser unidos em uma única investigação.

O segundo registro está na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), onde o deputado estadual Giovani Ratinho (Pros) disse nesta terça (29) ter apresentado um pen drive com seis vídeos que recebeu anonimamente em seu gabinete. Eles supostamente mostram relações do vereador com menores de idade —não está claro se são as mesmas meninas.

"Testemunhas foram ouvidas e outras devem ser chamadas para prestar depoimento. Os agentes também analisarão o material entregue na unidade policial. As investigações estão em andamento e seguem sob sigilo", informou em nota a Polícia Civil.

O Código Penal considera como estupro de vulnerável "ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos" ou "com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato", com pena prevista de 8 a 15 anos de prisão.

Também é crime divulgar, por qualquer meio, cenas de sexo com vulneráveis (até 14 anos) e sem o consentimento da vítima, sendo previstos de 1 a 5 anos de reclusão.

Procurada nesta quarta (30), a assessoria de imprensa de Gabriel Monteiro respondeu nesta quinta (31) que "ele realizou o boletim de ocorrência sobre a exposição dos vídeos íntimos" e que "a filmagem tinha o consentimento da jovem, que também registrou a ocorrência com a sua mãe".

Afirmou ainda que o político "não sabia que a jovem era menor de idade. As imagens estavam em seu celular, ao qual tinham acesso somente seus ex-assessores Matheus Souza e Heitor Monteiro". Nas redes sociais, ele diz que tem sido vítima de uma máfia que denunciou recentemente.

Esses dois ex-funcionários, além de outras três pessoas, o acusaram de cometer abusos sexuais e morais, de manipular vídeos e de usar servidores públicos para fins privados. As denúncias foram a público no último domingo (27) no programa Fantástico, da TV Globo.

Matheus e Heitor afirmaram que recebiam pedidos para fazer carinho no vereador. Uma ex-assistente de produção relatou que ele passava a mão em seu corpo, e uma outra mulher disse que foi estuprada por ele. Um quinto funcionário afirmou que era comum que Gabriel se masturbasse na frente de toda a equipe.

Eles ainda o acusaram de simular situações para autopromoção, como num vídeo em que conversa com uma menina numa praça de alimentação. "Fala assim: tio, eu achei que hoje eu ia ficar mais um dia sem comer, mas hoje eu estou comendo o que eu mais gosto", pede ele, e ela repete diante da câmera.

A abertura do inquérito civil do Ministério Público é referente a esse caso e cita o artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que abrange "a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais" da criança e do adolescente.

"Tal vídeo vulnera, a um só turno, os princípios da proteção integral da criança e do adolescente e da finalidade social da internet", diz a portaria, que também pede que o gabinete do vereador informe os dados da menina para avaliar se será necessária a aplicação de medidas protetivas.

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