Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Angra dos Reis busca desaparecidos e pede desligamento de usinas nucleares

Eletronuclear diz que instalações operam normalmente e não foram afetadas pelas chuvas

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Rio de Janeiro

Após os estragos causados pelas fortes chuvas no estado do Rio de Janeiro, equipes de resgate fazem buscas neste domingo (3) a desaparecidos em Angra dos Reis (a cerca de 160 km da capital fluminense). Seriam até sete pessoas ainda não localizadas, segundo a prefeitura e relatos de moradores.

Como as chuvas causaram bloqueios em estradas de acesso a Angra dos Reis, a administração municipal chegou a pedir ao governo federal o desligamento temporário das usinas nucleares da cidade.

Na visão da prefeitura, as barreiras nas estradas dificultariam a execução do plano de emergência das usinas em caso de necessidade. O plano inclui a evacuação de trabalhadores e moradores.

Contudo, a Eletronuclear, que é responsável pelas instalações, descartou os riscos, dizendo que as atividades seguiam normalmente durante o domingo.

Fortes chuvas provocam deslizamentos na cidade de Angra dos Reis (RJ) - Prefeitura de Angra dos Reis - 2 abr.2022/Divulgação

Angra dos Reis é, ao lado de Paraty (a 240 km da capital), uma das cidades mais afetadas pelos temporais registrados no Rio de Janeiro desde quinta-feira (31).

Até o final da tarde deste domingo, a administração de Angra havia confirmado oito mortes. As vítimas foram quatro crianças e quatro adultos.

Os óbitos ocorreram no bairro de Monsuaba, onde pelo menos seis casas foram atingidas por um deslizamento de terra. Três pessoas ainda estavam desaparecidas na localidade, de acordo com a prefeitura.

Outro ponto de Angra dos Reis bastante castigado pelas chuvas é Ilha Grande. As comunidades locais mais afetadas foram as de Araçatiba, Vermelha, Provetá, Abraão e Aventureiro.

Todas tiveram deslizamentos de terra e de blocos de pedra. A Praia de Itaguaçu, ao lado da Praia Vermelha, foi praticamente soterrada. De acordo com relatos de moradores da ilha, havia até quatro pessoas desaparecidas, indicou a prefeitura.

A administração local promete apresentar ao estado do Rio, nos próximos dias, um projeto de construção de residências em um terreno do município.

A ideia é realocar famílias que vivem em áreas de risco. O terreno fica no bairro de Monsuaba, e as obras seriam custeadas por estado e União.

Em razão dos estragos, a administração municipal decretou estado de emergência no sábado (2). O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB), disse que a cidade havia sido preparada para enfrentar fortes chuvas, mas culpou a intensidade dos temporais pelos danos.

"A cidade estava preparada, fizemos as ações preventivas necessárias. Se tivéssemos esse volume todo de chuva, que foi o dobro do registrado em Petrópolis, e não estivéssemos preparados, o estrago teria seria muito pior", afirmou no sábado.

PEDIDO DE INTERRUPÇÃO DE USINAS

Em Angra dos Reis, choveu em 48 horas o equivalente a 655 milímetros no continente e a 592 milímetros em Ilha Grande. Segundo a prefeitura, são índices jamais registrados anteriormente.

Deslizamentos de terra também provocaram bloqueios na BR-101 (Rio-Santos), na RJ-155 e na Estrada do Contorno.

Com as barreiras nos acessos, o prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, pediu o desligamento temporário das usinas nucleares da cidade.

"Pedi ao ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, o desligamento das usinas nucleares de Angra. Com as estradas fechadas por causa das chuvas, estamos ilhados!", escreveu Jordão nas redes sociais.

"Em caso de necessidade, não teremos como colocar em prática o plano de emergência enquanto as principais vias de acesso ao município estiverem interditadas", completou.

A Eletronuclear rebateu a prefeitura. Segundo a subsidiária da Eletrobras, as usinas nucleares Angra 1 e 2 estão operando normalmente, com capacidade total, já que as atividades não foram afetadas pelas fortes chuvas.

A companhia afirma que o plano para uma eventual emergência não está comprometido pela queda de barreiras nas estradas da região da Costa Verde.

"Se fosse necessária, a evacuação de trabalhadores da empresa e da população seria feita pela BR-101 RJ Sul, tanto no sentido de Angra dos Reis quanto no de Paraty. Acontece que as obstruções verificadas nessa estrada estão fora das Zonas de Planejamento de Emergência (ZPE)", diz a Eletronuclear.

A empresa também relata que, em caso de urgência, a evacuação poderia abranger pessoas localizadas em um raio de até cinco quilômetros. Elas seriam levadas para abrigos situados a até 15 quilômetros das usinas.

"Esses abrigos também não foram atingidos pelas chuvas ou por deslizamentos de terra. Dessa forma, no momento, a ação poderia ser realizada com total eficácia", afirma.

Segundo a estatal, a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear)​, órgão regulador do setor nuclear brasileiro, emitiu nota afirmando que, apesar das fortes chuvas, não havia um comprometimento de acessos no entorno das usinas que pudesse impactar o plano de emergência.

​RJ TEM PELO MENOS 16 MORTES

Até a tarde deste domingo, o estado do Rio de Janeiro tinha contabilizado pelo menos 16 mortes devido aos temporais.

Além das oito vítimas em Angra, houve registro de sete óbitos em Paraty. As vítimas no município foram uma mãe e seis filhos, com idades entre 2 e 17 anos.

Mesquita, na região metropolitana do Rio, também teve uma morte. Um homem morreu eletrocutado na região central da cidade.

Em fevereiro, o Rio de Janeiro viveu outro desastre por causa das chuvas. Na ocasião, o município serrano de Petrópolis foi devastado com o registro de deslizamentos e inundações. Mais de 200 pessoas morreram.

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