Moradores deitam no chão e acendem vela com 'guerra' em tentativa de roubo no PR

Parte do comércio não abriu e cápsulas ficaram espalhadas pelo chão em Guarapuava

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Curitiba

Marcas de tiros nos muros e cápsulas de armas de alto calibre pelo chão destoavam, na manhã desta segunda-feira (18), da paisagem sempre de tranquilidade em Guarapuava, cidade de 183,7 mil habitantes no Paraná. A tentativa de 30 criminosos de roubar a caixa-forte de uma empresa de valores envolveu blindado do Exército e centenas de policiais.

Escolas suspenderam as aulas, e parte do comércio não abriu as portas.

dois policiais em frente a caminhão queimado na frente de um batalhão da policia militar
Caminhão que foi incendiado durante a ação criminosa em Guarapuava (PR); assaltantes estavam com pelo menos oito veículos - Mauren Luc/Folhapress

"Nos primeiros tiros, achei que era bomba. Quando entendi que eram tiros, deitei no chão. Os disparos paravam um pouco e já começavam de novo. Eles pegavam quem passava na rua para fazer de refém", disse o artesão Trajano Soares, que mora e trabalha em frente à Proforte.

O motorista Kleber Klamer disse se lembrar do barulho forte provocado pela reação entre PMs e criminosos. "Faziam todos de escudo humano e atingiram a perna de um motociclista que passava. Eu moro a 1 km daqui e o barulho era tanto que parecia ao lado da minha casa."

"Moro aqui há 53 e nunca vi nada parecido. Eu tremia e quase morri de susto, achei que iam entrar no meu quintal", afirmou a aposentada Romilda Bortolanza, 75.

Ela conta que os criminosos passavam pela rua semelhante a soldados, com roupas e capacetes. "Corriam pela rua atirando. Eu deitei na minha cama e acendi uma vela para Nossa Senhora."

Também na casa da agricultora Patricia Roth, todos deitaram no chão ao ouvir os tiros. Assim ficaram por duas horas, até os disparos cessarem. "Tenho duas crianças, de 10 e 12 anos. Meu menino teve uma crise de ansiedade e começou a ter falta de ar, com o coração disparado. Nosso prédio chegou a tremer com as explosões."

Ela diz ter ouvido entre os criminosos frases de que precisaram se apressar para fugir. "Eles falavam: 'Bora, bora que estamos sem comunicação'. Foi uma cena de filme de terror. Achamos que iriam explodir nossa casa", disse.

A ação deixou dois policiais feridos –um deles está na UTI com lesão no crânio. Um morador também foi atingido por um tiro, mas não corre risco.

Cerca de 30 criminosos abandonaram ao todo oito veículos, entre os quais alguns blindados. Também foram recolhidos sete fuzis, uma arma .50, pistolas, dinamites, quatro capacetes balísticos, mochilas com remédios e mantimentos para fuga.

"O sangue nos veículos abandonados aponta que há bandidos feridos", disse o secretário de Segurança Pública, Romulo Soares.

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