Descrição de chapéu cracolândia drogas

Prefeitura de SP retoma limpeza em praça 17 dias após mudança da cracolândia

Guarda Civil Metropolitana escoltou agentes municipais para retirar lixo nesta segunda (4)

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São Paulo

A Prefeitura de São Paulo retomou na manhã desta segunda-feira (4) a rotina de limpeza diária na praça Princesa Isabel, na região central da cidade, 17 dias após a cracolândia se mudar do entorno da praça Júlio Prestes para o novo endereço.

Carros da GCM (Guarda Civil Metropolitana) se reuniram em volta da praça por volta das 8h para escoltar as equipes de zeladoria. Depois, os agentes começaram a desmontar as barracas instaladas no local. Algumas são usadas pelos traficantes para comercializar as drogas.

Sem-teto dorme na praça Princesa Isabel enquanto funcionários da prefeitura fazem limpeza no local
Funcionários da Prefeitura, em conjunto com a GCM, realizam operação de limpeza para a retirada de barracas e entulhos, na praça Princesa Isabel - Danilo Verpa/Folhapress

De acordo com o subprefeito da Sé, o coronel da PM Marcelo Vieira Salles, foram retiradas 35 toneladas de lixo da praça. "Não houve ação surpresa, os usuários foram avisados sobre a limpeza", disse o subprefeito sobre as ações que vão passar a ser diárias.

Salles afirmou que as famílias de sem-teto que viviam no local deixaram a praça após a chegada do fluxo, e que as cerca de 200 tendas montadas pertencem a usuários de drogas e traficantes.

A informação é contestada pelo padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, que esteve na praça no começo da tarde desta segunda-feira para distribuir 400 marmitas. "Essas pessoas não têm para onde ir", disse ao presenciar um homem tentando segurar um colchão enquanto funcionários da prefeitura desmanchavam sua barraca. "Por que não vieram antes retirar o lixo e deixaram acumular 35 toneladas?", disse o padre.

As equipes começaram a desmontar barracas instaladas às margens da avenida Duque de Caxias, onde se concentram os sem-teto que habitavam o local antes da chegada da cracolândia.

A Defensoria Pública questionou a Smads (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social) no último dia 14 a respeito das opções de encaminhamento oferecidas aos moradores na praça após a ação de limpeza. Segundo ofício enviado à reportagem, a administração municipal não detalhou nenhum plano e orientou os defensores a procurar a prefeitura Regional da Sé.

Em nota, a Smads afirmou que "foram feitas mais de 1,8 mil abordagens e de 230 encaminhamentos de assistência social e terapêutica com pessoas em situação de rua e com dependência química" na praça Princesa Isabel.

As ações de limpeza ocorriam ao menos duas vezes por dia na antiga cracolândia, quando o chamado fluxo —nome dado à aglomeração de usuários de drogas— era obrigado a se mover para dar passagem aos caminhões com jatos d'água. São nesses momentos que a GCM, muitas vezes, desmonta as barracas dos traficantes.

Desde a mudança da cracolândia para a praça Princesa Isabel, a presença de barracas tem aumentado de forma progressiva.

Segundo integrantes do programa Redenção, foram contabilizadas pela administração municipal, na última segunda-feira (28), por volta de 530 pessoas no fluxo.​

O número foi apresentado pela prefeitura em encontro virtual que ocorreu no mesmo dia, quando o assunto foi discutido por policiais civis e militares e representantes dos governos estadual e municipal. ​

Antes da mudança, a soma era de 500, aproximadamente, segundo o delegado Roberto Monteiro, da 1ª Delegacia Seccional do Centro.

Ocupada por moradores de rua que perderam a renda durante a pandemia, a praça mudou de perfil com a chegada do fluxo e a consequente redução das famílias de sem-teto que passaram a temer a falta de segurança.

A concentração de usuários de drogas deixou de ocupar o entorno da praça Júlio Prestes, na região central de São Paulo, e se mudou para a praça Princesa Isabel, a poucos metros dali. A troca foi feita após ordem do crime organizado para que a multidão saísse das ruas que antes formavam a cracolândia, de acordo com a polícia.

Há divergências, contudo, entre versões da polícia, da prefeitura e de integrantes de movimentos sociais sobre o que motivou a mudança.

Uma das motivações da mudança apontada pelos usuários e representantes de movimentos sociais que atuam na região é o fato de a praça Princesa Isabel oferecer mais rotas de fuga durante as operações policiais.

Frequentadores relatam que eram cada vez mais frequentes as abordagens policiais que os encurralavam na rua Helvétia e na alameda Cleveland, antigos endereços da cracolândia.

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